(por: W.B.)
O
Movimento de Oposição Serventuária (MOS), referência entre a
classe trabalhadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, toma a decisão de mudar seu nome para Movimento Democrático de Luta (MDL), a partir de 27 de agosto de 2016.
Quando
o MOS foi fundado em fevereiro de 2004, após a ruptura de 9 diretores e
conselheiros fiscais com o Sindjustiça, o contexto era de embate com uma
direção burocratizada. A designação Movimento de Oposição
Serventuária se adequava bem à luta ali, pois se tratava duma oposição sindical
clássica, defendendo propostas próprias nas assembleias e nos pleitos da
categoria, divergindo da direção sindical daquele momento. Hoje não existe espaço para
divergir ou propor (como antes havia) e sequer é possível disputar eleições
sindicais em igualdade de condições.
A
luta hoje não é simplesmente de oposição a uma diretoria sindical burocrática. O combate é contra uma estrutura sindical fascista (caracterizada por: fortíssimo
corporativismo; culto à personalidade; extrema hierarquização; promoção de
subserviência da categoria ao "presidente de fato" da entidade
sindical). Os tiranos encastelados no Sindjustiça (sob comando daquele que se arvora um verdadeiro füher) hoje vendem a ideia de
que, se a categoria obedecesse a absolutamente tudo que é ordenado pela direção
sindical, a classe serventuária teria chegado a um paraíso. Quando servidoras/es não cumprem o que é idealizado pela cúpula sindical, esta culpa a classe trabalhadora a que diz representar. Não há espaço para a base propor, formular políticas para a entidade sindical, decidir pelo que lutar, de que forma, em que momento, sob quais estratégias. As trabalhadoras e trabalhadores só são chamados para engrossar protestos cujas reivindicações já foram previamente definidas e cujo formato já é estabelecido de cima pra baixo. E isso somente no momento que os "iluminados" sindicalistas determinam como o mais adequado. Divergir é
entendido como sectarismo, enquanto ser submisso a tudo que vem de cima no âmbito sindical é tido como "busca de união".
A unidade que queremos não é uma homogeneização do pensamento. Queremos a unidade na luta a partir duma diversidade de ideias e entendimentos de mundo. Vamos construir juntos a democracia de base da classe trabalhadora, ombro a ombro com nossas irmãs e irmãos de labuta. Respeitemos uns aos outros como sujeitos pensantes, construindo relações horizontalizadas, aprendendo a partir das lutas empreendidas coletivamente, errando, caindo, levantando, amadurecendo conjuntamente. Assim se avança nas conquistas, sobretudo nas de médio e longo prazo; e não confiando cegamente naqueles "sindicalistas" que se colocam em altos postos, se exibindo como exímios negociadores ou eruditos do Direito.
A atual direção do Sindjustiça faz jogo de cena, tecendo críticas pessoais a determinados magistrados usando contra estes o
argumento da (in)competência ou da (falta de) habilidade técnico-jurídica. Já a nossa crítica não é pessoal, contra esse ou aquele indivíduo que ocupa um cargo de poder dentro da estrutura do Judiciário. Não usamos tais parâmetros técnicos, jurídicos ou morais (critérios
burgueses).
Entendemos que as estruturas de poder na atual sociedade estabelecem relações de exploração e domínio (submissão). Vemos o Poder Judiciário como parte dessa teia de opressões e, desse entendimento, é que percebemos a necessidade de lutarmos coletivamente, confiando apenas em nossas companheiras e companheiros da classe trabalhadora, sem nutrir ilusões em relação à Presidência do Tribunal, seja lá quem ocupe sua cadeira.
Depois de vender muitas ilusões à categoria serventuária sobre as possibilidades de este ou aquele poderoso do TJ vir a nos presentear com benesses a troco de nada, a direção do Sindjustiça volta a falar em luta. E vem com a receita pronta de como "lutar", de que forma, quando, onde e por quê. Se alguém acaba não participando, é logo tachado de não ter "vergonha na cara" (como já foi por Alzimar Andrade durante um protesto com adesão pífia).
Participemos, sim. Mas que não sejamos apenas braços a carregar cartazes, sejamos mentes para pensar juntos, corações para sentir e soberanamente decidirmos nossos destinos como classe trabalhadora. Tenhamos vez e voz. Viva a democracia e a verdadeira luta ontem, hoje e sempre!