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sábado, 10 de fevereiro de 2018

Bloco da Ceguinha 2018: Guerreiro Como Sempre


Às 18h dessa quarta-feira 7 de fevereiro, a banda já estava lá esquentado os tamborins para mais uma edição do Bloco da Ceguinha, um evento crítico-recreativo tradicional de iniciativa da categoria serventuária (servidora pública do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro). Mas o evento conta ainda com a participação de pessoas de diversos setores da classe trabalhadora. Trata-se também duma forma de resistência cultural de incentivo ao Carnaval de rua, respeitoso, democrático, acessível a todo mundo. Uma resistência avessa a qualquer forma de elitização dessa importante festa popular, que hoje (em muitos eventos) fica confinada em clubes granfinos e sambódromos com ingressos caros. Entendemos como negativa a realização de baile de Carnaval a portas fechadas: evento acrítico e meramente recreativo, isolado da rua e do povo.
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A atual direção do Sindjustiça (Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do RJ) havia decretado o fim do Bloco da Ceguinha há alguns anos, incomodada pelo seu caráter iconoclasta, que expõe as mazelas do Poder Judiciário de maneira bem-humorada. Mas o bloco resiste sem dinheiro de nenhum partido político, patrão ou instituição governamental. Ele se autossustenta com recursos voluntários de quem opta por comprar a camisa do evento.
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Mais uma vez o bloco aconteceu de maneira harmônica, divertida, agregadora. Foram cantadas marchinhas históricas numa valorização desse importante patrimônio cultural do povo, sempre ameaçado pela indústria do entretenimento, que – em prol do lucro – tenta sempre impor seus lixos pseudo-culturais massificadores, que proliferam ostentação e consumismo.
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Neste Bloco da Ceguinha 2018 cantamos a plenos pulmões versos que nos dizem muito: “Valeu, Zumbi/ O grito forte dos Palmares/ Que correu terras, céus e mares/ Influenciando a Abolição”. “Foi no século passado/ No interior da Bahia/ O Homem revoltado com a sorte/ do mundo em que vivia/ Ocultou-se no sertão/ espalhando a rebeldia/ Se revoltando contra a lei/ Que a sociedade oferecia/ Os Jagunços lutaram/ Até o final/ Defendendo Canudos/ Naquela guerra fatal”.

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Nós, da classe trabalhadora, recusando bom-mocismos hipócritas e falsos moralismos, defendemos o Carnaval de rua, sim. Mas, bem diferente, este ano um burocrata sindical tentou desqualificar nosso evento escrevendo, por mídia eletrônica, que “no Bloco da Ceguinha só tem cachaceiro”. O burocrata em questão passou seis anos ininterruptos em licença sindical, após o que – “já que ninguém é de ferro” – emendou férias, depois foi presenteado pela administração do Tribunal de Justiça com uma lotação pra lá de privilegiada. Enquanto isso, muitos grevistas da paralisação de 2016-2017 amargam em péssimos locais de trabalho para os quais foram removidos como retaliação por terem participado do movimento paredista. O “moralista anticachaceiro” afirmou na época que as remoções não foram motivadas pela greve, concordando com o que dizia a Presidência do Tribunal de Justiça. O sujeito não está mais oficialmente na atual gestão do Sindjustiça, mas certamente continuará ligado à direção, afinal a burocracia sindical “é uma cachaça danada”.

Tem nada não. A gente continua na luta como sempre. Pois nosso bloco, além de cachaceiro, é também guerreiro.
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No Bloco da Ceguinha estiveram presentes trabalhadores terceirizados, estagiários, estudantes além de gente do corpo docente do Colégio Pedro II. Também marcou presença a turma da Cooperativa Comuna 76, que faz a cerveja Ogrão de Malte, uma cerveja artesanal de qualidade, livre de gourmetização. O grupo produz de maneira autônoma, autogestionária, sem exploração ou hierarquias. A filosofia é o autossustento de forma independente, sem exploração do trabalho alheio, assim como sem exploração animal ou ambiental. Tal coletivo cervejeiro acredita na capacidade popular de se autogerir e de possuir os frutos do seu trabalho de forma integral – inexistindo patrões. Dentro desse mesmo pensamento, já esteve junto ao bloco (em anos anteriores) o Coletivo Roça, com sua ótima cerveja Caetés, produzida no Timbau (Favela da Maré). Longe da nefasta lógica competitiva, propagada pela mídia e pelo patronato, os dois coletivos (Comuna 76 e Roça) trabalham em apoio mútuo. O que, aliás, é sempre uma alegria.

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A alegria será maior a cada ano. Em 2019 já fica até marcado: na quarta-feira anterior ao Carnaval mais uma edição do Bloco da Ceguinha no centro da cidade do Rio, que andam tentando transformar numa crivelândia. Mas o povo resiste sempre!

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