O Bloco da Ceguinha se reuniu na quarta-feira anterior ao Carnaval, como tradicionalmente é feito. A concentração se iniciou às 18h na esquina da Travessa do Paço com a Rua São José, no Centro da capital fluminense. Já é o terceiro ano que o evento político-recreativo-crítico-carnavalesco ocorre de maneira independente, sem nenhum apoio do sindicato. A folia rolou até as 21h. Estiveram presentes, além da classe serventuária, integrantes do Grupo de Base Inimigos do Rei (trabalhadores da Petrobrás) e Sindscope (Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II).
O samba deste ano trouxe referências a certo magistrado que, quando parado em blitz no trânsito, deu “carteirada” e se sentiu profundamente ofendido por ter ouvido que “juiz não é Deus”. Será se negar a divindade da magistratura é crime? Já tem gente recebendo voz de prisão por cometer este “delito”… Saca só a letra:
UMA TOGA, UM DEUS: MAIS DE MIL PALHAÇOS NO SALÃO
Eu sou do chão
Eu sou do asfalto
Sou da Folia
Eu sou mais Eu
Sou da Folia
Eu sou mais Eu
(REFRÃO)
Se usasse toga
Eu diria:
“Eu sou juiz,
Eu sou mais Deus”
“Eu sou juiz,
Eu sou mais Deus”
Oh, seu doutor, colega do Judiciário
Queira não ser mais que os outros, se na lei diz que é igual
A roupa preta que tu vestes todo dia
É fantasia que não é de carnaval
Queira não ser mais que os outros, se na lei diz que é igual
A roupa preta que tu vestes todo dia
É fantasia que não é de carnaval
(REFRÃO)
Prepotência não combina com alegria
Não existe autoridade nos três dias de folia
Ao faixa preta que só quer sair no braço:
Tire já a sua toga e vista a roupa de palhaço!
Não existe autoridade nos três dias de folia
Ao faixa preta que só quer sair no braço:
Tire já a sua toga e vista a roupa de palhaço!
Como visto, há referência também a posturas truculentas de magistrados que andam ameaçando os outros de agressão. Pelo visto há muita gente achando que ser juiz é mesmo ser Deus. E os trabalhadores do judiciário estão como que condenados aos suplícios eternos em cartórios que são um verdadeiro inferno. É uma danação de processos velhos cheios de ácaros em ambientes insalubres, assédio moral como prática corriqueira, falta de servidores, privatização da força de trabalho (através da terceirização e da exploração de estagiários, com salários de fome)… No meio disso tudo, uma direção sindical submissa, trajando terno e gravata, festeja sua eleição cantando louvores ao presidente do Tribunal de Justiça, convidado especial a sua posse.
O Bloco da Ceguinha 2015 trouxe também críticas aos absurdos privilégios à magistratura: “auxílios” moradia, alimentação e educação (este último ainda não aprovado, mas que tem injustificável apoio da atual direção do Sindjustiça-RJ).
Vamos continuar com atividades culturais contestatórias. Infelizmente a atual direção do Sind-justiça só promove eventos recreativos acríticos, ou até mesmo alienantes, como a festa junina da ABATERJ nas dependências da sede campestre do sindicato. Vale lembrar que a ABATERJ é dirigida pela magistratura e, através de ações assistencialistas, busca mascarar a exploração do Tribunal de Justiça sobre os trabalhadores.
Vamos ficar ligados... e animados!
Nenhum comentário:
Postar um comentário