(por: Sílvia Cláudia)
Segunda-feira 16/01/2017, fui expulsa da reunião do Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais que acontecia na sede do meu sindicato, o Sindjustica.
Segundo Ramon Carrera, coordenador geral do Sindjustica, este sindicato nada tem a ver com o MUSPE. Não entendi essa afirmação, já que o Sindjustica integra e organiza todas as reuniões e financia a maior parte dos atos.
Participei do MUSPE quando foi criado, em 2002, para reunir servidores ativistas, dirigentes sindicais, membros de oposições ou simplesmente interessados na luta. O espaço era democrático, a participação de todos era bem vinda, e todos tinham direito a voz e voto.
Quando os ataques no governo Sérgio Cabral/Pezão se intensificaram, a plenária dos servidores públicos estaduais voltou a se reunir de forma democrática, mas o Sindjustiça e algumas entidades, discordando desta forma de organização, rachou o movimento recriando um MUSPE descaracterizado, centralizado e excludente e levou para esse fórum o modo de agir burocrático e autoritário que os coordenadores Ramon Carrera, Alzimar Andrade e Fred Barcellos usam no Sindjustiça.
Sou servidora há 30 anos e sou sindicalizada desde sempre, sempre participei dos movimentos e jamais furei uma greve, mas também nunca estive em um sindicato que não chama a categoria para debater os problemas e decidir os rumos do movimento.
No Sindjustica nem a pauta de reivindicações é definida pela categoria, estamos em greve desde 26/10/2016 e, até o dia da citada reunião do MUSPE, só tivemos duas assembleias que são na verdade meras consultas: "assembleias" regionais em que cada comarca é chamada a dizer sim ou não para as propostas pre-formuladas pela diretoria do sindicato, sem chance de ouvir o que a categoria tem a dizer.
Estamos em uma greve que está sendo conduzida pela cabeça dos coordenadores do sindicato, com atitudes de que as vezes discordamos, que são informadas através das redes sociais (facebook e whatsapp) e sem condições para o salutar debate democrático característico dos sindicatos e movimentos sociais não burocratização.
Pior: entre os grevistas temos vários punidos, seja com desconto nos salários, falta injustificada na frequência ou remoções. E esta diretoria do sindjustiça além de não incorporar estas questões à pauta de reivindicações, ainda insulta os punidos falando que é mentira e palhaçada, tentando desqualificar todos aqueles lutadores que discordam da forma como vem sendo conduzida a greve. A greve está se esvaziando pouco a pouco, ficamos sem assembleia por mais de um mês, não temos dados de como a greve transcorre nas outras comarcas, não podemos participar da reunião do Conselho de Representantes, ficamos sem acesso a qualquer proposta da administração do TJ sobre nossas reivindicações.
Este é o jeito autoritário e burocratizado de conduzir o movimento da atual diretoria do Sindjustiça e é a mesma maneira que conduz o MUSPE. Lamentável, porque este ano de 2017 teremos muitos motivos para lutar e a categoria está cansada, insegura e estressada. Espero que possamos conseguir forças para reagir aos ataques que estão por vir.
*Sílvia Claudia é servidora do poder judiciário estadual
Nenhum comentário:
Postar um comentário