Diga
NÃO ao retorno precipitado do trabalho presencial
O
Tribunal de Justiça quer retomar, a partir do dia 29 de junho, o
trabalho presencial dos servidores. Ainda que não seja um volta
completa, exporá muitos servidores aos riscos da pandemia da
Covid-19 que prossegue em sua fase de expansão, não havendo
qualquer sinal de redução nos números de casos e de mortes, que em
breve no Brasil chegarão a marca de um milhão de infectados e de 50
mil mortos, com taxa de letalidade de 5%. E no nosso Estado
chegaremos a 100 mil infectados e 10 mil mortos, com taxa de
letalidade de 10%. Ou seja, o Rio de Janeiro tem uma taxa de
letalidade que é o dobro da média nacional.
O
Brasil ultrapassou o Reino Unido em número de mortes, já ocupando a
segunda posição em âmbito mundial, e, mesmo assim, algumas
projeções dizem que se a pandemia continuar nesse ritmo possamos
até passar os Estados Unidos. Isso sem falar na enorme
subnotificação de casos. Segundo alguns meios de comunicação,
no início deste mês foi constatado que o nosso país é o quinto
lugar entre os países que menos fazem testes para diagnosticar a
Covid-19, que a cada 100 pessoas testadas, 65 tem o vírus e o
aumento exponencial e injustificável de mortes por Síndrome
Respiratória Aguda Grave. Ou seja, se juntarmos os três fatores
acima podemos concluir que no Brasil a quantidade de pessoas
infectadas e falecidas pelo novo coronavírus é bem maior que o
noticiado. E isso, claro, aumenta a chance de nos contaminarmos, fora
o risco de vivermos uma segunda onda da doença - como já aconteceu
em outros países - quando na verdade nem saímos da primeira onda
ainda.
Em
recente nota técnica[1]
da
Fiocruz, foram explicitados todos os temores que um relaxamento das
medidas de isolamento social podem provocar, pois aumentará a
circulação de pessoas nas ruas num momento em que ainda há muita
propagação comunitária do vírus. Países que adotaram semelhante
medida a fizeram com a curva em queda, o que não é nosso caso! A
Fiocruz, maior autoridade do país no combate ao novo
coronavírus, não recomenda nenhum relaxamento das medidas de
isolamento social.
O
tribunal tem produzido um número extraordinário de sentenças,
decisões e despachos durante a pandemia, como gosta de expor. Os
processos físicos, quando urgentes, são processados pelas equipes
de sobreaviso, ainda que com riscos aos servidores. Ou seja, já
estamos nos arriscando demais durante essa pandemia. E, apesar da
quantidade enorme de decisões proferidas, essas infelizmente não
têm apoiado a população, como no caso da liberação dos decretos
estadual e municipal que relaxaram as medidas de isolamento,
dada depois de uma decisão liminar sustando inicialmente os efeitos de tais decretos.
A
proteção à vida é a atitude mais nobre que um trabalhador deve
ter durante a pandemia. O sindicato, como representante da categoria,
precisa estar em sintonia com a defesa das vidas dos milhares de
serventuários e serventuárias. Não dá para transigir quando em
risco nosso maior bem. Um sindicato que se preze não tem que se
comportar como parceiro da administração, mas tem que defender os
interesses de sua classe. Por isso, defendemos que o sindicato
proponha à categoria deflagrar GREVE, caso o tribunal insista com
essa reabertura precipitada colocando nossos colegas em risco,
parando não só as atividades presenciais como todo o trabalho
remoto, pois vidas humanas importam.
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