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domingo, 7 de dezembro de 2014

Prolixidade, pedantismo, bajulação e... berros na cara do sindicalizado

(por: W.B.)

No dia 2 de dezembro, a diretoria do Sind-justiça, através de um de seus inúmeros funcionários, ligou para um representante da Chapa 2 que disputava a eleição sindical. Foi informado que já havia sido publicada, no Diário Oficial, a decisão que liberava integrantes da chapa para fazerem campanha.
Cientifiquei, então, a meu cartório, que o D.O. já oficializara minha liberação do trabalho naquele dia. Fiquei panfletando e circulando para divulgar nossas propostas e, quando fui fazê-lo em minha própria serventia, fiquei sabendo que – na verdade – nada havia sido publicado. Só não passei por mentiroso graças a minha chefia imediata agir sempre com razoabilidade e respeito em relação a atividades sindicais, o que, aliás, é exceção no TJ (talvez só os diretores “sindicalistas” eternamente licenciados não saibam disso).
Educadamente dirigi-me então ao coordenador geral do Sind-justiça José Carlos Arruda, perguntando tão somente que dia sairia a publicação no Diário Oficial (uma pergunta simples e direta) e se o sindicato poderia fazer uma pequena postagem no sítio eletrônico dizendo que a licença foi deferida. A ele não pedi nada além disso. Estranhamente, em vez de cumprir meu pedido (tão básico e fácil), o citado coordenador começou a desfiar uma infindável cantilena sobre toda a peregrinação que ele passou para obter o deferimento. No meio de seu discurso prolixo e enfadonho (que eu aturei, cortês e pacientemente) ele aproveitou para elogiar várias vezes a “boa vontade” da Corregedoria e dizer que, apesar de não publicada, a licença foi deferida. Disse então – finalmente! – algo de concreto: a publicação ocorreria no dia seguinte. Dei-me por satisfeito, agradeci, informei isso a minha chefia e retomei a campanha em meio a um calor de rachar.

No dia seguinte, para minha surpresa, fiquei sabendo que a publicação novamente não ocorrera. Já era então a segunda vez que a diretoria do Sind-justiça pisava na bola comigo. Com minha paciência de Jó, que Deus (feliz ou infelizmente) me deu, procurei o coordenador José Carlos de novo. Disse, com toda a educação, que a publicação novamente não acontecera e nada aparecera no sítio do Sindicato. Ele começou novamente a mesma ladainha, descrevendo pormenorizadamente todos os setores e gabinetes em que passara, voltando a elogiar a boa vontade dos magistrados em geral.
Pedi, então, por favor, que me fosse entregue qualquer papel por mais simples que fosse, só para mostrar ao chefe o andamento do processo administrativo a respeito da licença. Então, numa postura  “gerencial pró-ativa”, garantiu-me que, naquele momento, iria agilizar meu pedido. Sacou seu celular – que ostenta quase o dia inteiro na orelha – e saiu para, pretensamente, tomar providências.
Ao fim do dia, como sempre, nada me foi entregue. Então, dentro do sindicato – depois de já fechadas as urnas da votação – pedi novamente que algum papel bem simples a respeito fosse impresso para mim. Nessa hora, o coordenador não sentiu mais necessidade de posar de bom moço, pois não estava na rua exposto ao juízo de pessoas que se aproximavam das urnas para votar. Ele – José Carlos Arruda – começou a esbravejar contra mim feito um bicho, gesticulando freneticamente e gritando “já falei um monte e vezes”, “não acredito que é ele de novo”, “já disse tudo”, “não vou fazer mais nada”.  O fato é que realmente ele não fizera absolutamente nada, desde que o contatei pela primeira vez, e quis o privilégio de continuar sem me atender, apesar de esta ser sua obrigação como diretor, que inclusive desfruta de licença sindical para isso.
Dependi da boa vontade duma funcionária do Sind-justiça para imprimir para mim o andamento do processo administrativo acerca das licenças. Aliás, imagino o que esses pobres trabalhadores devem passar nas mãos de diretores desse tipo. Vale lembrar que, ao tomar posse em 2011, essa diretoria demitiu grande quantidade de funcionários – sem nenhum critério claro – e bem nas vésperas do Natal. O argumento usado na ocasião foi o de que o quadro funcional do sindicato era grande demais. Mas a argumentação é furada, pois hoje a quantidade de funcionários está bem maior do que antes. A exemplo do que os políticos burgueses fazem, a direção do Sind-justiça começou o mandato demitindo aos montes, para depois contratar à beça gente que lhe fique “eternamente grata pela oportunidade”.
Realmente não entendo como o coordenador José Carlos pode estar tão estressado. Sei que ele tentou uma “chancezinha” para a diretoria da Associação dos Oficiais de Justiça Avaliadores (AOJA) e que não obteve êxito, mas depois disso ficou seis anos no SINDJUSTIÇA (gestão Amarildo e a atual)... O sindicato acabou não funcionando como o almejado trampolim eleitoral, e ele não se elegeu à Assembleia Legislativa. Mas isso não é motivo para estresse, pois agora Arruda obteve um cargo na FENAJUD, onde gozará, mais uma vez, da licença sindical, dessa vez numa federação que não faz nenhum tipo de trabalho de base, mas só atua na esfera jurídica e frequenta gabinetes refrigerados dos políticos.
Se José Carlos trabalhasse em cartório como nós, como será que estaria seu humor? Talvez ele tivesse surtado de vez e sido posto numa aposentadoria compulsória. Bem, de certa forma, atualmente ele já se aposentou do batente cartorário e – diferente dos verdadeiros e sofridos aposentados – sem perder nenhum dos auxílios a que fazia direito nos longínquos anos de labuta.
Somente após a apuração da última urna – quando não havia mais nenhuma possibilidade de serem frustrados os planos de continuidade da gestão sindical no poder – foi publicada, no sítio do Sind-justiça, uma linha sobre a liberação dos candidatos para fazer a campanha. Na página eletrônica, agradeceu-se à “Administração do TJ, que nos cedeu espaço físico nos fóruns para a instalação das nossas urnas e concedeu as necessárias licenças para que as chapas pudessem trabalhar as suas propostas junto aos colegas”. Só faltou agradecer pela não publicação no Diário Oficial, que atrapalhou a chapa de oposição a fazer uma campanha mais intensa no interior do estado, pois os colegas que não estavam de férias sentiram uma fundada insegurança em simplesmente se ausentar do trabalho sem ter nada de concreto para apresentar à chefia.

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