(por: W.B.)
No
dia 2 de dezembro, a diretoria do Sind-justiça, através de um de seus inúmeros
funcionários, ligou para um representante da Chapa 2 que disputava a eleição
sindical. Foi informado que já havia sido publicada, no Diário Oficial, a
decisão que liberava integrantes da chapa para fazerem campanha.
Cientifiquei,
então, a meu cartório, que o D.O. já oficializara minha liberação do trabalho
naquele dia. Fiquei panfletando e circulando para divulgar nossas propostas e,
quando fui fazê-lo em minha própria serventia, fiquei sabendo que – na verdade
– nada havia sido publicado. Só não passei por mentiroso graças a minha chefia
imediata agir sempre com razoabilidade e respeito em relação a atividades
sindicais, o que, aliás, é exceção no TJ (talvez só os diretores
“sindicalistas” eternamente licenciados não saibam disso).
Educadamente
dirigi-me então ao coordenador geral do Sind-justiça José Carlos Arruda,
perguntando tão somente que dia sairia a publicação no Diário Oficial (uma
pergunta simples e direta) e se o sindicato poderia fazer uma pequena postagem
no sítio eletrônico dizendo que a licença foi deferida. A ele não pedi nada
além disso. Estranhamente, em vez de cumprir meu pedido (tão básico e fácil), o
citado coordenador começou a desfiar uma infindável cantilena sobre toda a
peregrinação que ele passou para obter o deferimento. No meio de seu discurso
prolixo e enfadonho (que eu aturei, cortês e pacientemente) ele aproveitou para
elogiar várias vezes a “boa vontade” da Corregedoria e dizer que, apesar de não
publicada, a licença foi deferida. Disse então – finalmente! – algo de
concreto: a publicação ocorreria no dia seguinte. Dei-me por satisfeito,
agradeci, informei isso a minha chefia e retomei a campanha em meio a um calor
de rachar.
No
dia seguinte, para minha surpresa, fiquei sabendo que a publicação novamente
não ocorrera. Já era então a segunda vez que a diretoria do Sind-justiça pisava
na bola comigo. Com minha paciência de Jó, que Deus (feliz ou infelizmente) me
deu, procurei o coordenador José Carlos de novo. Disse, com toda a educação,
que a publicação novamente não acontecera e nada aparecera no sítio do
Sindicato. Ele começou novamente a mesma ladainha, descrevendo pormenorizadamente
todos os setores e gabinetes em que passara, voltando a elogiar a boa vontade
dos magistrados em geral.
Pedi,
então, por favor, que me fosse entregue qualquer papel por mais simples que
fosse, só para mostrar ao chefe o andamento do processo administrativo a
respeito da licença. Então, numa postura
“gerencial pró-ativa”, garantiu-me que, naquele momento, iria agilizar
meu pedido. Sacou seu celular – que ostenta quase o dia inteiro na orelha – e
saiu para, pretensamente, tomar providências.
Ao
fim do dia, como sempre, nada me foi entregue. Então, dentro do sindicato –
depois de já fechadas as urnas da votação – pedi novamente que algum papel bem
simples a respeito fosse impresso para mim. Nessa hora, o coordenador não sentiu
mais necessidade de posar de bom moço, pois não estava na rua exposto ao juízo
de pessoas que se aproximavam das urnas para votar. Ele – José Carlos Arruda – começou
a esbravejar contra mim feito um bicho, gesticulando freneticamente e gritando “já
falei um monte e vezes”, “não acredito que é ele de novo”, “já disse tudo”,
“não vou fazer mais nada”. O fato é que
realmente ele não fizera absolutamente nada, desde que o contatei pela primeira
vez, e quis o privilégio de continuar sem me atender, apesar de esta ser sua obrigação
como diretor, que inclusive desfruta de licença sindical para isso.
Dependi
da boa vontade duma funcionária do Sind-justiça para imprimir para mim o
andamento do processo administrativo acerca das licenças. Aliás, imagino o que
esses pobres trabalhadores devem passar nas mãos de diretores desse tipo. Vale
lembrar que, ao tomar posse em 2011, essa diretoria demitiu grande quantidade
de funcionários – sem nenhum critério claro – e bem nas vésperas do Natal. O
argumento usado na ocasião foi o de que o quadro funcional do sindicato era
grande demais. Mas a argumentação é furada, pois hoje a quantidade de
funcionários está bem maior do que antes. A exemplo do que os políticos
burgueses fazem, a direção do Sind-justiça começou o mandato demitindo aos montes,
para depois contratar à beça gente que lhe fique “eternamente grata pela
oportunidade”.
Realmente
não entendo como o coordenador José Carlos pode estar tão estressado. Sei que
ele tentou uma “chancezinha” para a diretoria da Associação dos Oficiais de Justiça
Avaliadores (AOJA) e que não obteve êxito, mas depois disso ficou seis anos no
SINDJUSTIÇA (gestão Amarildo e a atual)... O sindicato acabou não funcionando
como o almejado trampolim eleitoral, e ele não se elegeu à Assembleia
Legislativa. Mas isso não é motivo para estresse, pois agora Arruda obteve um
cargo na FENAJUD, onde gozará, mais uma vez, da licença sindical, dessa vez numa
federação que não faz nenhum tipo de trabalho de base, mas só atua na esfera
jurídica e frequenta gabinetes refrigerados dos políticos.
Se
José Carlos trabalhasse em cartório como nós, como será que estaria seu humor?
Talvez ele tivesse surtado de vez e sido posto numa aposentadoria compulsória.
Bem, de certa forma, atualmente ele já se aposentou do batente cartorário e – diferente
dos verdadeiros e sofridos aposentados – sem perder nenhum dos auxílios a que
fazia direito nos longínquos anos de labuta.
Somente
após a apuração da última urna – quando não havia mais nenhuma possibilidade de
serem frustrados os planos de continuidade da gestão sindical no poder – foi
publicada, no sítio do Sind-justiça, uma linha sobre a liberação dos candidatos
para fazer a campanha. Na página eletrônica, agradeceu-se à “Administração do
TJ, que nos cedeu espaço físico nos fóruns para a instalação das nossas urnas e
concedeu as necessárias licenças para que as chapas pudessem trabalhar as suas
propostas junto aos colegas”. Só faltou agradecer pela não publicação no Diário
Oficial, que atrapalhou a chapa de oposição a fazer uma campanha mais intensa
no interior do estado, pois os colegas que não estavam de férias sentiram uma
fundada insegurança em simplesmente se ausentar do trabalho sem ter nada de
concreto para apresentar à chefia.
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