*CENTRO CULTURAL OCTAVIO BRANDÃO*
*CINECLUBE CCOB APRESENTA NESTE SÁBADO, 29/05, ÀS 16 HORAS:*
A História Oficial
Ficha Técnica:
"A História Oficial"
Título original: La historia oficial
País/Ano: ARG, 1985
Duração: 112 minutos
Héctor Alterio - Roberto
Norma Aleandro - Alicia
Chunchuna Villafañe - Ana
Hugo Arana - Enrique
Guillermo Battaglia - Jose
Chela Ruíz - Sara
Patricio Contreras - Benitez
María Luisa Robledo - Nata
Aníbal Morixe - Miller
Jorge Petraglia - Macci
Analia Castro - Gaby
Daniel Lago - Dante
Augusto Larreta - General
Laura Palmucci - Rosa
Direção: Luis Puenzo
Genero: Drama
A História Oficial, relata com riqueza de detalhes o momento mais sombrio da
história da Argentina, uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina. Na sequência do golpe militar por aqui, em 64, o Brasil passou a ocupar um papel de correia de transmissão da política dos eua. Qualquer movimento independente que surgisse na América Latina, os militares brasileiros ajudavam a planejar um golpe militar nos países vizinhos, inclusive emprestando "especialistas" em torturas, como denunciam mais de uma dezena de filmes sobre as ditaduras em todos esses países, um deles é "Chove Sobre Santiago" outro filme importantíssimo, não tão premiado como a História Oficial.
A História Oficial é o único filme latino americano a ganhar um Oscar de
melhor filme, foi o filme mais premiado da história da América Latina e com
certeza faz parte dos melhores filmes da década de 80.
O filme conta a história de uma professora alienada, casada com um dirigente
do regime que se dá muito bem, enquanto toda a Argentina está passando fome,vários trabalhadores e estudantes perseguidos e desaparecidos, incluindo os filhos de mulheres grávidas, quando além matar as mães sob tortura, os sanguinários ainda davam seus filhos para militares ou apoiadores do regime que não podiam ter filho, ou vendiam para famílias abastadas que não se opunham ao fato e em alguns casos, ignoravam que esses filhos eram tirados das mães que acabavam morrendo nos porões da ditadura militar Argentina.
O filme teve a importância de denunciar para o mundo o que estava
acontecendo na Argentina, as mães e avós da Plaza de Mayo. Quando estive em Buenos Aires, fiz questão de conhecer, pois até hoje, 30 anos depois, ainda se manifestam na praça em frente à Casa Rosada (Palácio do Governo
Argentino), para que não sejam esquecidos seus filhos e netos desaparecidos.
Hoje em dia uma vez por semana, às 5as feiras, na época era diário, quando a
imprensa mundial era proibida de cobrir os acontecimentos por lá, só depois
do começo da abertura e o lançamento do filme, e também sua premiação no
Oscar é que o mundo passou a conhecer melhor o sofrimento da população
portenha.
A professora de história, só ensina a História Oficial que está nos livros
do governo militar, exatamente como eles queriam que fosse passado para os
jovens, mas os estudantes da sua escola também tinham aula com um professor de literatura que dava liberdade aos alunos, que deixava-os se expressarem, muito parecido com o professor Keaton do Sociedade dos Poetas Mortos, embora A História Oficial, seja anterior.
Os jovens viam no dia a dia, o que acontecia com os opositores do regime, e
a professora era alienada, exatamente como quase todos os filmes dos anos 80 sobre o assunto, Pra Frente Brasil, Missing - O Desaparecido, aliás dois
filmes recomendadíssimos e que devem entrar em breve na seção filmes. Todos esses filmes tinha uma linha em comum, geralmente as pessoas não sabiam o que os militares faziam nos porões da ditadura, e só quando acontecia alguma coisa com alguém da família, a pessoa começava a enxergar tudo que estava acontecendo. Na verdade, com os jornais censurados, a TV censurada, não pode-se culpar, afinal a ditadura tanto brasileira, quanto argentina e muitas outras que assombraram os países da América do Sul, nos anos de chumbo, impedia qualquer acesso a informação independente.
Aos poucos, com comentários, recortes de jornais sobre desaparecidos, e o
próprio contato dela com uma amiga que teve que se exilar na Colômbia, para
não acabar morrendo nos porões dos militares, faz ela começar a acordar e
ver o que está se passando à sua volta. Começa a conhecer a história das
mães e avós da Plaza de Mayo, as que se manifestam diaramente e as que nem tem mais forças para segurar uma foto com o filho ou neto desaparecido. A história vai ganhando um tom de suspense, uma agonia torcendo para que ela consiga encontrar as respostas, com uma direção extremamente minuciosa, e uma atuação inacreditável.
Filme mais que indispensável, para quem, mais do que fã dos 80, tem senso
crítico e gosta de entender a sociedade em que vive e gosta de discutir e
defender suas opiniões. Um dos melhores de todos os tempos, proibido pelos
militares de passar por aqui na época, mas que no final dos 80, graças a
nossos professores de História, muitos puderam finalmente ter acesso ao
melhor filme já produzido no hemisfério sul. Fiz questão de escolher esse
filme, exatamente por acompanhar de perto a história dos trabalhadores
latinos que foram perseguidos por algozes dos governos militares, dedico
esse texto a todos os amigos e militantes que passaram pelo sofrimento de
estar em um dos porões do Dops no Brasil, a luta e a resistência de vocês
contra os desmandos da ditadura por aqui nunca será esquecida .
Texto de Marcos Vicente
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