Não foram entregues panfletos no Fórum Central convocando as pessoas para o referendo de sexta-feira 16/10/15 na sede do Sind-justiça. Não houve nenhum carro de som, nem a presença de diretores sindicais chamando a categoria (apesar de desfrutarem da licença sindical para isso), nem mesmo os funcionários do Sind-Justiça foram destacados para essa convocação.
Foi uma convocação secreta, exceto para aqueles que acessaram o sítio eletrônico e resolveram fazer o esforço de estar presente num evento com "dirigentes sindicais" que soltam "pérolas" como: "não devemos nos unir com professor, com sem-teto" (fala dum diretor durante o último congresso da categoria); e outros que destratam serventuários, como foi o caso de José Carlos Arruda quando um sindicalizado foi educadamente pedir a ele uma comprovação do andamento da licença para fazer campanha sindical (vide: http://movimentodeoposicaoserventuaria.blogspot.com.br/2014/12/prolixidade-pedantismo-bajulacao-e.html).
Não é fácil ter estômago para interagir com pessoas assim, infelizmente. O hábito de participar de assembleias não tem como surgir magicamente no seio da categoria. Primeiro elas têm que ocorrer. A partir do momento que elas existem, aos poucos vai se criando o hábito de estar presente. A rigor, praticamente não há mais assembleias no Sind-justiça. Elas foram substituídas por referendos por comarca. Na maioria das vezes, alguns sindicalistas profissionais entram às pressas nos cartórios (do interior) no meio do expediente e pedem para os servidores marcarem um xis numa ou noutra opção já previamene fixada sem a participação da categoria. Isso é nitidamente um simulacro de democracia: a classe serventuária não tem espaço para discutir ou formular coisa alguma, só é coagida a escolher entre o que já foi decidido a portas fechadas secretamente entre um ditador sindical engravatado e um soberano do poder judiciário.
No caso da comarca da capital, mesmo sem convocar ninguém, a cúpula sindical teve medo de que a categoria viesse a participar e forçar discussões. Por isso a assembleia foi marcada numa sexta-feira à noite (dentro da sede do sindicato e não na rua), justamente para que ninguém aparecesse. Mesmo assim, 39 pessoas foram e se posicionaram quase unanimemente contra os autoritarismos da direção e a inexistência de campanha salarial. Durante sua fala, um dos trabalhadores reclamou do fato de a assembleia ter sido marcada para aquela data, tão difícil de se conclamar a categoria a estar presente. Disse: "é a primeira vez que vejo uma assembleia importante ser marcada para sexta-feira". A resposta do diretor sindical Fred Barcellos foi simplesmente debochar repetindo diversas vezes "a primeira vez a gente nunca esquece", desrespeitando a fala do sindicalizado inscrito para se manifestar naquele momento.
Não é a primeira vez que a coordenação do Sind-justiça se porta de maneira desrespeitosa em assembleia da comarca da capital. Já aconteceu de o diretor sindical Alzimar Andrade (integrando a mesa da reunião) ter ficado brincado em seu smartphone durante a fala de um servidor inscrito. Quando o serventuário Adonai se queixou com o diretor sindical citado, este respondeu: "eu sou livre, faço o que quiser".
Quem esteve presente na assembleia de 16/10/15, também foi obrigado a ouvir coisas revoltantes. O coordenador Ramon Carrera qualificou o presidente do Tribunal de Justiça como "grande parceiro do servidor". Ora, se o poder é nosso parceiro, para que luta? Para que licenças aos coordenadores sindicais? Para que eles se dediquem a atividades lucrativas fora do serviço público como o caso de cursos preparatórios (Alzimar Andrade) ou publicidade política (Ramon Carrera, que fez campanha para Jair Bolsonaro, o pró-ditadura)?
Mesmo admitindo ter perdido na assembleia da comarca da capital, os déspotas sindicais manipularam dados. Segundo quadro postado na mensagem "Resultado das Assembleias 2015", dentro da área Fala Coordenador, do sítio eletrônico do Sind-justiça, a proposta deles teve 52 votos a favor, 25 contra e seis abstenções. Ora, eles próprios afirmaram que só havia 39 pessoas na reunião. Não é preciso ser nenhum gênio em aritimética para ver que a conta não bate. Isso pode até levar muitas pessoas a colocar em dúvida inclusive os demais resultados obtidos no restante do estado. Assim, sem dúvida, desestimula-se que mais gente participe de assembleias no futuro. Ao que tudo indica, isso é proposital: participação ativa e crítica é justamente o que os tiranos sindicais não querem.
(W.B. é técnico de atividade judiciária do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro, sindicalizado ininterruptamente desde seu ingresso na carreira em 2008.)
(W.B. é técnico de atividade judiciária do Tribunal de Justiça do estado do Rio de Janeiro, sindicalizado ininterruptamente desde seu ingresso na carreira em 2008.)
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