A
novela dos 24% se arrasta e não chega a um final feliz. A cada capítulo
observamos a tentativa do Judiciário, em conluio com o Executivo, de postergar
ainda mais o pagamento de um direito que é devido a todos os serventuários da
justiça.
A
ação dos 70,5% que se transformou em 24% se arrastou por mais de 20 anos. Foi
graças a greve de 2010 que os autores da ação conseguiram finalmente incorporar
aquele percentual aos seus contracheques. A consequência lógica seria a
extensão desse mesmo percentual a todos os demais servidores. No entanto, isso
não aconteceu. Vimos um parcelamento macabro daquele percentual que interferiu
nos reajustes de 2010 a 2013.
Quanto
aos atrasados, o TJ não quis pagar como sempre faz para os magistrados e exigiu
o acionamento do Judiciário (sic) para que esse direito fosse cumprido.
Entretanto, já sabemos que esse caminho é o mais perigoso e o mais demorado – a
própria ação originária é um exemplo disso: o percentual de 70,5% virou 24% e
depois de 23 anos precisou de uma greve para ser pago.
Este
exemplo clássico de como funcionam as instituições não serviu de nada para a
Direção do Sindjustiça, pois em vez de exigir o pagamento dos atrasados pela
via administrativa, preferiu a medida simplista de ingressar com ações para
aumentar o seu quadro de associados, sem fazer a devida pressão para efetivar
logo este pagamento.
Algumas
decisões judiciais foram favoráveis, outras não, e o incidente de uniformização
de jurisprudência chegou a reconhecer aquilo que já sabíamos: todos temos
direito aos 24% como os autores da ação de 1988. O que não deveria acontecer
foi a exigência do TJ de novas ações para pagar aquilo que ele mesmo reconhece
como direito nosso.
Na
esteira deste processo longo, a Coordenação do Sindjustiça contratou uma banca
de advogados em Brasília. Como o Judiciário é tendencioso aos governos de
plantão, um direito claro pode não ser reconhecido e sem pressão ficamos
expostos aos pensamentos retrógados dos seus ministros. Portanto, o STF fez
aquilo que poucos imaginavam e declarou que não temos direito ao percentual dos
24%, aplicando a Súmula 339 (Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia). O problema é que não estamos mais procurando o reconhecimento de um
direito que já foi feito, graças a greve de 2010. O que queremos é o pagamento
dos atrasados e quanto mais a gente busca isso no Judiciário mais ficamos
expostos a esse tipo de decisão estapafúrdia.
O
Judiciário e o Executivo conseguiram aquilo que queriam: brecar um pagamento
devido aos servidores utilizando as artimanhas de um processo judicial que eles
sabem muito bem manejar. Recorreremos ao Papa agora? Com esse baque o
Sindjustiça anunciou em seu site que não entrará mais com ações judiciais, para
evitar prejuízos aos servidores e tentará o pagamento pela via administrativa.
Aquilo que preconizávamos como correto, agora a direção do sindicato resolveu
seguir. No entanto, o prejuízo é grande daqueles que pagaram custas e advogado.
Sem pressão, sem luta nada se consegue. Sindicato só deve existir se for para lutar. Iludir a categoria como fizeram, aproveitando-se de um pensamento legalista que permeia os servidores não vai nos levar a nada. Precisamos ter claro que nosso direito é mais do que certo. Sendo assim, temos que pressionar o TJ a pagar o que nos deve. Com magistrados eles são generosos e pagam, sem a mínima cerimônia, quantias que ultrapassem um milhão de reais. Se temos direitos, vamos exigi-los.
Não
é criando mais ilusões na categoria que a gente sai dessa. É difícil lutar, mas
esse é o caminho certo para a vitória. As ações judicias são longas e temerárias. Quem trabalha no Judiciário já deveria saber disso, pois está clara
a tática do Tribunal de ganhar tempo. Conseguiram isso com o parcelamento dos
24% e estão conseguindo agora com os atrasados. Só a pressão da categoria,
unida e determinada neste propósito, poderá arrancar o pagamento de um direito
mais do que devido.Sem pressão, sem luta nada se consegue. Sindicato só deve existir se for para lutar. Iludir a categoria como fizeram, aproveitando-se de um pensamento legalista que permeia os servidores não vai nos levar a nada. Precisamos ter claro que nosso direito é mais do que certo. Sendo assim, temos que pressionar o TJ a pagar o que nos deve. Com magistrados eles são generosos e pagam, sem a mínima cerimônia, quantias que ultrapassem um milhão de reais. Se temos direitos, vamos exigi-los.
(Publicado no jornal Boca Maldita nº 100, de 11/outubro/2014)
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