Tudo que o genial Millôr pensava sobre dinheiro
28/03/2012 - 13:04Millôr Fernandes, que partiu na noite dessa terça-feira (27/03), depois de falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca, era dono das frases mais geniais do Brasil, como todos sabem. Transcrevo aqui, depoimento do genial Millôr para o livro “Tudo que eu já fiz por dinheiro”, de minha autoria, Lu Lacerda, Editora Objetiva.
Faria qualquer coisa por dinheiro – Millôr Fernandes
“O dinheiro não é tudo, tudo é a falta de dinheiro. De todas as minhas frases sobre o tema, esta é a que eu prefiro.
Sou rico. Claro que não tenho 20 milhões de dólares, mas 10 tenho. Não gasto nada comigo. Quando gasto muito, não chega nem a três mil reais por mês. Isso incluindo almoços e jantares. Penso em trocar esse carro que está aí fora – que é um Fiat 91 – há mais de um ano. Deixo sempre para o dia seguinte. Nem ligo para essas coisas. Nem roupa compro, fazem isto para mim. Ainda assim, minha vida é caríssima. É que com os outros gasto muito. Qualquer coisa que as pessoas precisem ou insinuem precisar, eu dou. Faço questão de atender. Todos gostam de dinheiro, por que não dar se você tem?
No Brasil a remuneração para a minha classe – jornalismo – é muito precária. A televisão já paga muito bem. No tempo em que o rádio era poderoso, nós ganhávamos um e o rádio cinco. Hoje é a mesma coisa. Dentro da minha atividade – imprensa em geral – sempre fui um dos maiores salários. Dá para fazer o que bem entender, sem nem pensar nisso.
Às vezes, a gente vê uma mulher maravilhosa tomar um banho, se perfumar, e com toda a sua graça pegar naquelas notas sujas, fedidas e botar na bolsa, sem sequer se conscientizar de que aquilo passou de mão em mão e é imundo. É por isso que se diz que o dinheiro não fede. O que é isso? É a força que ele tem.
Qual é a única coisa que não explora o sexo feminino? O dinheiro. Estou me referindo às notas, claro. O dinheiro de papel. Se você olhar o papel-moeda em qualquer país do planeta, não vai achar a exploração sexual ali. Não tem mulher nua, de maiô ou de bunda de fora. Você vai ver homens barbudos, homens a cavalo ou no máximo a Rainha Vitória. Em qualquer outro produto do mundo, da pipoca ao iate ou ao apartamento, tem sempre uma mulher explorada de todas as maneiras. O dinheiro não precisa desses apelos. A força dele é tão grande, que basta a si próprio.
Nada tem mais poder que o dinheiro. Nem o sexo. A sexualidade não é constante. No começo da vida, ainda não apareceu de todo, e à medida que a vida avança, vai diminuindo. E naturalmente, ocupa cada vez menos o nosso tempo. Essas pessoas de classe média por exemplo, chegam por volta dos 50 ou 60 anos, só querem saber de comer, arrotar, ver televisão e mais nada. Quanto ao dinheiro, está presente o tempo todo, desde que a gente nasce.
Não se pode julgar alguém por estar roubando para comer. É uma necessidade básica, e por isso só já se justifica. É um direito que a pessoa tem. Todo mundo tem o direito de viver. É uma questão da luta pela vida. Eu, Millôr Fernandes, se não tivesse dinheiro nenhum, faria qualquer coisa por ele. Qualquer coisa mesmo. Num livro decente como o seu, prefiro não entrar em detalhes.”
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- ENVIADO POR LU LACERDA DO IG NOTÍCIA
- MENSAGEM DO MOS AO IG, COLUNA DA LU LACERDA, ENTRE OUTRAS MENSAGENS DE LEITORES:
- Realmente, se dinheiro não fosse importante, a falta dele inviabilizaria a existência do sistema capitalista, e ainda que estivéssemos num sistema melhor, mais humano, como um socialista, ainda assim, também precisaríamos desta moeda, tudo bem que de forma menos selvagem, mais socializadora. Infelizmente , eu como trabalhadora, todo ano preciso junto com minha categoria do judiciário do RJ fazermos paralisação como pressão para o nosso patrão Governador cumprir a Constituição com os reajustes anuais, e mesmo assim não a cumpre, ainda , no orçamento do judiciário, também pela Administração do TJ, o quinhão maior vai para as obras faraônicas, haja vista a da Praça XV, além de banhos de ofurô, espaços de ginásticas, bar para magistrados e o principal pagar ricas indenizações a estes mesmos magistrados, ainda que sejam muitos alguns, não todos, seja das férias de 60 dias, das acumulações sem fim, etc...estimulando os supersalários, que diminuem para nós, os servidores cartorários, a plebe do judiciário, nosso minguado salário, sempre abaixo do que é previsto pela lei. Sem falar das terceirizações galopantes, mão de obra desqualificada e que abocanha também parte do orçamento, em que as Locanty e Deltas Engenharia, esta que ingressou sem licitação, pela gestão anterior, que foi até matéria de denúncia da revista Veja no ano passado, e nada aconteceu, também lá tem contratos. E a nave vá, e o dinheiro da população também... esta história se repete todo ano, e de novo seu cheiro já se aproxima, e não é cheiro de dinheiro, mas de falta dele para nós trabalhadores/raladores. Assim, como dizia também o nosso querido Gonzaguinha, não dá pra ser feliz , não dá pra ser feliz....e a reforma da previdência também aprovada hoje pelo Senado, faz tudo piorar para as novas gereações. Pensem nisso. Também preferíamos não nos importar com o dinheiro, mas afinal,lembrando Bertold Brech, quem pagará nossas contas, o aluguel, o transporte, o vestuário, o calçado, a merenda das crianças, o colégio, quando dá pra colocá-las num colégio particular, o plano de saúde para atender as necessidades dos que estão nas comarcas do interior, as compras do mercado, a conta da luz, gás, telefone, livros ( inclusive os do MiIlor ou da Lu Lacerda), e até a internet, para poder agora estar enviando esta mensagem... é realmente dinheiro não é tudo, mas não se faz quase nada sem ele, daí concordar com o querido Millor, principalmente quando chega nossa data base: O dinheiro não é tudo, tudo é a falta de dinheiro! O nosso achatamento salarial fala muito, até mesmo grita! Descanse em paz Millor, nos ajude daí de cima, nós trabalhadores desamparados, que trabalhamos honestamente para ganhar nosso suado salário/vencimentos, e se não for pedir demais, também leve um pouco de humor para nossos entes queridos que já se foram , e estarão agora entre sua companhia. Paz e Luz!
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