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segunda-feira, 12 de março de 2012

Mulheres ainda são raridade no alto escalão de bancos

Matéria retirada do sítio da IG, campo notícias

Nos três maiores bancos brasileiros só há quatro mulheres em cargos de diretoria e no conselho de administração, contra 140 homens

Danielle Brant, iG São Paulo | 12/03/2012 05:21





Foto: Divulgação Ampliar

Maria Izabel, há 26 anos no BB: mulheres são raridade em cargos de tomada de decisão

As mulheres estão conquistando cada vez mais seu espaço no outrora clube fechado de homens chamado mercado financeiro. Porém, pelo menos no que diz respeito aos três maiores bancos brasileiros, elas continuam longe do centro de tomada de decisão. Ao todo, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil têm quatro mulheres no primeiro escalão, contra 140 homens – considerando os cargos de presidência, vice-presidência, diretoria e conselho de administração. Ou seja, uma mulher para cada 35 homens.


Essa é uma realidade que Maria Izabel Gribel de Castro, gerente executiva da diretoria de cartões do BB, conhece muito bem. “Quando virei executiva, participei de um processo de seleção realizado por uma universidade. Foram aprovados 62 homens e eu, porque os pré-requisitos exigiam experiência em gerência, o que restringia a participação feminina”, conta a mineira, de 45 anos e há 26 na instituição financeira.




Já no processo seguinte, as condições foram ajustadas para ampliar a participação feminina. “Com isso, a aprovação foi quase meio a meio”, afirmou Maria Izabel, que já passou pelas áreas de internacional e de investimento em varejo antes de entrar para a diretoria de cartões. Mesmo reconhecendo essa evolução, a executiva admite que, nas posições de tomada de decisão, a participação feminina continua sendo tímida.


“Ainda tem um espaço grande para as mulheres exercerem essas funções. O suporte para que elas cheguem a essa condição tem crescido num passado muito recente”, diz. Segundo Maria Izabel, o país não está 100% preparado para assumir uma divisão de tarefa que viabilize o crescimento profissional mais forte da mulher. “A gente ainda encontra uma dificuldade muito grande em conciliar a vida profissional e pessoal”, ressalta Maria Izabel.




Mas isso vem mudando. Desde 2008 o Banco do Brasil investe em programas corporativos de gênero. Segundo o BB, desde que as iniciativas foram implementadas houve um aumento de 42,4% no número de mulheres aprovadas e qualificadas para ocuparem as funções gerenciais nas agências do banco. Além disso, dos 118 mil funcionários do banco, 48 mil são mulheres. Dessas, 12 mil desempenham funções gerenciais, o que representa 35% do total de cargos do tipo dentro da instituição.


Ascensão


Aos 34 anos, Luciana Nicola, superintendente de relações governamentais e instituições do Itaú Unibanco, diz que muitos colegas se surpreendem quando ela se apresenta em reuniões com outros gestores. “Eles acham que sou muito nova”, brinca a paulistana, que tinha 19 anos quando foi aprovada no programa de trainee do banco. Para ela, a possibilidade de investir em sua formação tem ajudado as mulheres a crescer nos cargos estratégicos em bancos.


“Antes, era privilégio dos homens terem pós-graduação, MBA ou estudar fora. Hoje, a mulher conseguiu correr atrás de ter formação melhor”, afirma. “Não é mais um clube de homens, hoje trabalho com várias mulheres aqui. Dirijo uma equipe de 14 pessoas, das quais só quatro são homens”, conta Luciana. Para ela, o que ainda atrapalha é a cobrança maior que a mulher tem sobre seu desempenho. “Mas o que vale no mercado é o quanto você entrega, é competente e cresce pelos próprios méritos”, afirma.



Para a professora doutora Fátima Motta, do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas da ESPM, a tendência é a participação da mulher continuar crescendo nos cargos de segundo escalão e, aos poucos, ir migrando para os do primeiro. “É um processo demorado, porque durante anos a mulher teve que ser dona de casa, mãe, e deixava a liderança formal para o homem”, afirma a sócia-diretora da FM Consultores.


Os números atestam esse aumento. Marcelo Arone, presidente da empresa de recrutamento Michael Page, afirma que em dois anos houve uma grande evolução na contratação delas para cargos de gestão intermediados pela companhia. Enquanto em 2010 elas ocuparam 20% dos postos, no ano passado o percentual subiu para 35%. “Muitos bancos passaram a oferecer benefícios para as mulheres, como auxílio-creche, então elas não precisam mais optar em um momento de sua carreira entre a vida profissional ou pessoal”, diz.


Em instituições financeiras menores, encontrar mulheres no primeiro escalão não é tão raro, segundo Arone. “E mesmo nos maiores a proporção deve aumentar nos próximos dez anos. Se hoje são três, esse número deve subir para dez na próxima década”, afirma Arone.
 

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