23 de abril de 2012 | 16h 51
DAIENE CARDOSO - Agência Estado
Cesar Maia, ex-prefeito do Rio de Janeiro pelo DEM,
disse nesta sexta que acredita que a Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI), criada para investigar a relação do contraventor
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e
parlamentares, atingirá a todos, sejam da base governista ou da
oposição. "Acho que isso vai ser inevitável", avaliou o ex-prefeito
durante seminário sobre a política externa brasileira promovido pela
Fundação Liberdade e Cidadania, em São Paulo.
O ex-prefeito também aposta no desdobramento das investigações no
Congresso Nacional para as Assembleias Legislativas. A primeira
mobilização para uma investigação já ocorreu em Goiás. Apesar da relação
do governador Marconi Perillo (PSDB) com Cachoeira ser levantada por
escutas da Operação Monte Carlo, no Estado a base de Perillo vai focar
suas atenções em contratos firmados entre a construtora Delta e
prefeituras do Estado. "Em alguns casos vai para a esfera estadual, vai
ter um desdobramento", apontou o ex-prefeito.
Na opinião de Maia, é preciso que haja uma investigação "Estado por
Estado" sobre os contratos com a construtora Delta, mas é preciso
avaliar como as obras serão concluídas caso a empreiteira seja
classificada como "inidônea" pela Controladoria Geral da União (CGU).
"Tudo tem de ser levantado para ver de que maneira se faz a transição.
Se licitam novamente? Como se substitui a empreiteira?", ponderou.
Maia lembrou que a Delta passou a prestar serviços à Prefeitura do
Rio a partir de 2002, durante sua gestão. "Eles entraram de forma muito
agressiva, para ganhar o mercado. Para nós foi bom porque os preços
baixaram", contou. O ex-prefeito levantou dúvidas sobre o grau de
relacionamento entre o governador fluminense, Sérgio Cabral, e o dono da
Delta, Fernando Cavendish. "Tenho dúvidas se não é um caso de
cruzamento de interesses", questionou. "Que as relações deles iam além
da mera amizade, não tenho dúvidas. A queda do helicóptero (em 17 de
junho de 2011) mostrou, na tragédia, o nível de intimidade que se
tinha", comentou.
Cassação obrigatória
O cacique do DEM também defendeu a cassação do senador Demóstenes
Torres (sem partido-GO) por sua ligação com Cachoeira. "Não sei se o
senador Demóstenes cometeu algum delito, mas que ele faltou com o decoro
parlamentar, não há nenhuma dúvida. (A cassação dele) é obrigatória",
afirmou. Demóstenes responde a processo de cassação no Conselho de Ética
do Senado por quebra de decoro parlamentar.
No início do mês, Demóstenes anunciou sua desfiliação do DEM para
escapar de uma provável expulsão. Nesta segunda, o senador José Agripino
Maia (RN), presidente nacional da sigla, ressaltou que a cassação de
Demóstenes será uma decisão colegiada e que, por essa razão, não
emitiria sua opinião. "Não adianta manifestar minha posição individual",
desconversou.
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