19/04/2012 17h40
- Atualizado em
19/04/2012 20h12
Decreto foi publicado nesta quinta-feira (19) no Diário Oficial.
Comissão vai analisar contratos com empresas denunciadas no Fantástico.
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O governador do Rio de Janeiro
, Sérgio Cabral, assinou nesta quinta-feira (19) decreto que pede a
inclusão da construtora Delta Construção entre as empresas que terão os
contratos firmados com o governo do estado analisados por uma comissão
de sindicância. O grupo é formado por quatro pessoas: um representante
da Casa Civil, um da Procuradoria Geral do Estado (PGE), um da
Secretaria de Planejamento e um da Auditoria Geral do Estado.
Um levantamento feito pelo RJTV revelou que os serviços contratados
durante o governo de Sérgio Cabral custaram quase R$ 1,5 bilhão. A Casa
Civil informou nesta quinta-feira que o secretário Régis Fichtner
notificou a empresa. Quer que ela se manifeste sobre as gravações de
declarações feitas pelo presidente da Delta, veiculadas pela imprensa.
Na conversa, gravada em 2009 e divulgada na segunda-feira (16) pelo
blog do jornalista Mino Pedrosa, o empresário Fernando Cavendish fala em
dar propina a políticos. A Delta diz que o áudio divulgado não expressa
a opinião de Fernando Cavendish e que foi pronunciado em tom de
bravata.
As investigações da "Operação Monte Carlo" tambem mostram uma estreita relação entre a construtora e as empresas do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro deste ano. O site Contas Abertas fez um levantamento dos negócios da Delta
e descobriu que ela atua em 23 estados e no Distrito Federal, em
construções, reformas, obras em rodovias, saneamento. No Rio, ela
integra o consórcio que está reformando o Maracanã.
O trabalho do grupo será avaliar os contratos e apresentar sugestões de
providências em relação à empresa. A comissão foi criada por decreto no
dia 27 de março. Cabral havia ordenado que o grupo avaliasse os
contratos das empresas denunciadas por matéria do Fantástico com o Palácio Guanabara.
Na semana passada, o procurador-geral de Justiça do Rio, Cláudio Lopes,
determinou o arquivamento de uma investigação sobre as ligações
pessoais do presidente da Delta, Fernando Cavendish, com o governador
Sérgio Cabral. A decisão ainda precisa ser aprovada pelo Conselho
Superior do Ministério Público do Rio.
O MP começou a investigar o caso logo após a queda de um helicóptero,
em Trancoso, no Sul da Bahia, em junho do ano passado. Sete pessoas
morreram, entre elas a mulher e o filho de Fernando Cavendish e a
namorada do filho de Sérgio Cabral. O acidente tornou pública a amizade
do governador com o dono da empresa, uma das maiores prestadoras de
serviços ao governo do estado.
O RJTV teve acesso a documentos que revelam que os contratos firmados
com a Delta, desde 2000, somam mais de R$ 2 bilhões. A maior parte,
quase R$ 1,5 bilhão, no governo Cabral, sendo R$ 234 milhões empenhados
em contratos em que não houve licitação.
Apesar do decreto que determina a investigação dos contratos, nesta
quinta, em Brasília, o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, disse que
não vê irregularidades nos negócios entre a empresa e o governo do
estado.
"Nossos contratos todos eles passaram pelos editais de licitações,
foram aprovados antes. Nós submetemos nossos editais ao Tribunal de
Contas do Estado. A Delta é uma empresa muito agressiva, que pratica
preços menores, tem umas estruturas menores nos estados, e ela é uma
empresa agressiva, por isso ela tem mais contratos. De ser amigo, de ser
amigo, eu por exemplo sou amigo de todos, eu sou secretário de obras,
eu me relaciono com todas as empresas", disse Pezão.
A Delta informou que há regularidade em todos os seus atos e que as
contestações feitas pelos órgãos de controle são corriqueiras. A empresa
reiterou que a gravação da conversa de Fernando Cavendish foi feita
clandestinamente e editada por ex-sócios, que serão processados por
calúnia e difamação.
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