"Sisejufe tem vitória em ação ajuizada para o retorno diretor Moisés Leite à sede
Com
discursos indignados, manifestações de solidariedade, bolo e banda de
música, a categoria do Judiciário Federal do Rio e a Direção do Sisejufe
celebraram na quarta-feira, 12 de dezembro, às 11h30min, o retorno do
diretor sindical Moisés Leite à sede do Tribunal Regional Eleitoral. Há
cerca de dois meses, o servidor – que exerce função de agente de
segurança – havia sido removido do TRE, por meio de um ato
administrativo, promovido pela atual gestão do desembargador federal
Luiz Zveiter. A remoção do diretor sindical, junto com outros três
funcionários da Justiça Eleitoral, aconteceu após a participação dos
servidores em atos, assembleias e manifestações da luta pela aprovação
do Plano de Cargos e Salários da categoria.
“Temos
a necessidade de respeitar as autoridades. Desde um policial ao
presidente eleito do tribunal. Todos merecerem respeito, mas os
servidores também merecem. Respeito é uma via de mão dupla. Temos que
conquistá-lo sim. Ainda que seja necessário ir ao Poder Judiciário para
isso”, disse o diretor sindical, Moisés Leite.
Durante
o ato público contra as práticas antissindicais em frente ao prédio do
TRE, Moisés lembrou que os servidores e servidoras da Justiça Eleitoral
foram atuantes no processo de mobilização da categoria pelo reajuste
salarial. Entretanto, o movimento paredista sempre foi conduzido com
tranquilidade. “Não havia necessidade alguma que a administração
retaliasse a conduta de um diretor sindical ou qualquer outro servidor
da Justiça Federal. Não havia necessidade dessas remoções”, disse Moisés
Leite. Ele dedicou o primeiro pedaço de bolo ao servidor David Soares,
que também foi removido, junto com outros dois agentes de segurança
para cartórios eleitorais distantes do Centro.
O
diretor sindical Roberto Ponciano explicou que a manifestação do
sindicato não simbolizava apenas uma vitória em defesa de um diretor
sindical, mas simbolizada toda a categoria do Judiciário Federal. “O
sindicato está atento a qualquer ato de abuso de autoridade. Se houver
qualquer ato, nós vamos para cima. Esse sindicato já sofreu processo
cível por defender trabalhador e ganhou todos, porque nossa atuação é
dentro da legalidade. Não é porque é o Moisés. A questão é que o Moisés
representa agora toda a categoria. Ele simboliza cada um de nós”,
explicou Roberto Ponciano.
No
fim do ato, a Direção Geral do TRE procurou a direção do Sisejufe na
porta do prédio para conversar de forma amistosa. Os diretores presentes
(Ricardo de Azevedo Soares, Pedro Paulo Leal, Roberto Ponciano, Moisés
Leite e Valter Nogueira Alves) expuseram a insatisfação do sindicato e
da categoria com a situação de perseguição e retaliação as práticas
sindicais.
O ato em frente ao tribunal, também
comemorou o fim da gestão do desembargador Federal Luiz Zveiter,
prestes a terminar em poucos dias. Além disso, ainda fez repúdio ação de
retaliação executada pelo assessor de segurança, o servidor Sérgio Luis
Gonçalves Almeida. “Temos todo direito de dizer adeus a Zveiter. Com a
saída dele, sai também todo o pessoal que veio junto com ele. São os
últimos dias de pompéia, adeus Zveiter, já vai tarde”, finalizou o
diretor Roberto Ponciano.
Direito conquista com ação judicial
O
retorno do diretor sindical foi possível somente a partir da
intervenção do Sisejufe que ajuizou uma ação contra o ato da
Direção-Geral do TRE de realocação do servidor no cartório de Bangu. Ato
administrativo executado pelo servidor Sérgio Luis Gonçalves Almeida
que exerce a função de assessor da segurança do tribunal. Na ação, o
sindicato pediu o cumprimento a Lei 8.8112/90, que proíbe a
transferência de posto de trabalho de dirigentes sindicais por até um
ano após o término do mandato. O servidor Moisés Leite compõe a
diretoria eleita do Sisejufe para o triênio 2011-2014.
Porém,
o retorno do diretor não foi simples. O afastamento da sede do TRE
aconteceu em setembro. Na ocasião, o sindicato tentou conversar com a
Direção-Geral do tribunal para reverter o caso, mas não houve
entendimento. Somente após a intervenção judicial do Sisejufe contra o
ato do TRE de remoção do servidor para a 232ª Zona Eleitoral do Rio de
Janeiro (Bangu), o TRE regressou o diretor à sede do tribunal.
Mesmo
assim, em 28 de novembro, ao expedir o ofício à 232ª Zona Eleitoral,
informando o retorno do servidor Moisés Leite à sede TRE, no mesmo dia, o
TRE descumpriu a sentença proferida pela 28° Vara Federal. Em memorando
expedido pela Assessoria de Segurança, o diretor foi relotado no Núcleo
Administrativo de Caju, embora a decisão judicial fosse clara para que o
servidor permanecesse lotado na sede do tribunal.
Segundo
o diretor-presidente do Sisejufe, Valter Nogueira Alves, a resposta do
sindicato será dura contra qualquer cerceamento a autonomia e liberdade
dos servidores no exercício do direito constitucional de greve. “É
inadmissível que, o Poder Público, através de seus agentes, insista em
tentar não cumprir uma ordem judicial”, afirmou Valter.
O
descumprimento da decisão foi informado ao juiz do processo, que
proferiu nova decisão, determinando ao TRE que dê fiel cumprimento à
decisão, sob as penas da lei, e advertindo-o de que não deve inovar no
estado da lide, à revelia do juízo.
“Não se
pode admitir na atual conjunta democrática que as pessoas não possam se
manifestar e sejam retaliadas pelo Poder Judiciário que, em última
instância, é o garantidor das liberdades individuais”, destacou Valter
Nogueira Alves. E concluiu: “Não podemos permitir a ocorrência de
práticas travestidas de legalidade para transferir servidores dos seus
locais de trabalho de forma arbitrária devido a atuarem na mobilização
sindical da categoria”.
Direito cerceado
De
acordo com Valter Nogueira Alves, há quase dois anos, a partir da
gestão do atual desembargador Luiz Zveiter, os servidores e servidoras
do TRE, especialmente os alocados na sede do tribunal, vivem sob uma
rotina de medo de se manifestar. “É importante denunciar para
sociedade, principalmente, aos operadores do direito que, existe neste
tribunal, o imperativo da lei do silêncio. Nunca na trajetória do
Judiciário Federal do Rio, seus servidores estiveram tão acuados como
estão nesta gestão do TRE”, avaliou o diretor-presidente.
Valter
contou que, no último mês, diversos servidores manifestaram preocupação
com a possibilidade de reeleição para o próximo biênio, 2013-2014, do
atual presidente do TRE, o desembargador federal Luiz Zveiter.
Possibilidade aberta a partir da Resolução n°381/12, que alterou o
artigo original que determinava a metodologia da escolha da presidência
da Corte em regimento interno do tribunal.
O
assunto ganhou repercussão na imprensa com publicação de notícias em
jornais como O Globo, JB e o Dia. À época, em nota enviada aos jornais, a
ministra Cármen Lúcia, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),
garantiu que qualquer tentativa de reeleição de Zveiter não passaria
pela Corte. De fato, a possibilidade de reeleição da atual gestão foi
afastada no último dia 10 de dezembro, com a eleição da desembargadora
federal Letícia de Faria Sardas à Presidência do TRE. "
Imprensa Sisejufe - Texto e Fotos Tatiana Lima
Matéria retirada do portal do SISEJUFE: http://sisejufe.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=4932:ato-publico-denuncia-retaliacao-do-tre-ao-direto-de-greve-&catid=47:atividades-sindicais
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