SEJA BEM-VINDO AO NOSSO BLOGUE!

ATENÇÃO! As matérias aqui publicadas só poderão ser reproduzidas fazendo constar o endereço eletrônico deste blogue. Os textos assinados não necessariamente refletem a opinião do CESTRAJU. " Há pessoas que lutam um dia e são boas. Há outras que lutam um ano e são melhores. Mas há as que lutam toda a vida e são imprescindíveis." "Tudo bem em hesitar...se depois você for em frente ...." (Bertold Brecht) "O melhor da vida é que podemos mudá-la" ( anônimo ) Junte-se a nós! Venha mudá-la para melhor!

quarta-feira, 2 de maio de 2012

CINE CLUBE E PIPOCA : HOJE TEM NO FORUM DA PAVUNA: TRABALHO INTERNO - UM FILME NECESSÁRIO




Recessão, falências, crise. Embora muito tenha se escutado essas palavras nos últimos dois anos, a grande maioria das pessoas sequer sabe como a grande crise financeira, que afligiu o mundo todo em 2008 e ainda deixa marcas, realmente começou. A quem ela atingiu realmente? Como aconteceu? Quem esteve por trás do maior crash monetário da história e – o mais importante – o que aconteceu com essas pessoas?

Trabalho Interno, documentário produzido, escrito e dirigido por Charles Ferguson vem para lançar uma luz sobre este tema tão controverso através de entrevistas, cópias de documentos, gravações de importantes momentos da história americana e relatos que dissecam a Grande Crise, uma catástrofe econômica que, ironica e comprovadamente, poderia ter sido evitada.



CEOs de inúmeras empresas multinacionais inquiridos no Congresso Americano.

Narrado por Matt Damon, o filme explana a trajetória da crise em cinco partes (ou tópicos), que mostram desde as primeiras formações do cenário (através de algumas leis fiscais aprovadas pelo congresso americano, pressionado por poderosos lobbies corporativos, ainda nos anos 80), passando pelos avisos de economistas do mundo todo em artigos e livros que já previam o desastre econômico desde o começo do milênio, até chegar na venda das subprimes e das CDOs, e no estouro da famigerada “bolha” imobiliária e suas conseqüências (tanto para grandes empresas, bancos e governos, quanto para o trabalhador comum ao redor do mundo), e – além – os mecanismos usados para (tentar) contornar a situação e o saldo geral disso tudo (em um último tópico singelamente chamado de “onde estamos agora?”).

Além de gráficos, exemplos e algumas metáforas usadas para explicar a maior parte dos termos técnicos (ampliando o alcance da obra para os mais leigos nos assuntos econômicos), o documentário utiliza-se de uma gama de entrevistas de pessoas extremamente gabaritadas para contar, em primeira mão, suas impressões e seus papéis na Grande Crise. Alguns desses entrevistados, inclusive, foram pivôs do problema, e acabam encurralados com as perguntas perpetradas por Ferguson (em certo momento, um deles pergunta se dá para desligar a câmera por alguns instantes).



Henry Paulson, Ben Bernanke e Timothy Geithner. Ontem, pivôs da Crise. Hoje, CCs do Governo Obama.

Com uma rica edição de imagens que nos faz viajar da Islândia ao Canadá, dos Estados Unidos a uma fábrica na China, o diretor nos dá a clara noção de como os efeitos da crise se propagaram a nível mundial, ilustrando também a discrepância do cidadão médio que perdeu tudo (através das inúmeras imagens de casas desabitadas, empresas se fechando e acampamentos montados ) e da fortuna ainda mantida pelos CEOs responsáveis pelo incidente (exibindo suas intocadas mansões luxuosas, jatos particulares e outros bens que valem milhões e milhões de dólares), que – pasmem – ainda ocupam cargos de destaque na Administração Obama.

Embora menos engenhoso que Lixo Extraordinário e não tão contundente quanto Restrepo, dá para perceber (e concordar) o porquê de Trabalho Interno ter ganho o Oscar 2011 de Melhor Longa Documentário (segunda indicação de Charles Ferguson, que concorreu ao Oscar 2008 com o documentário No End In Sight, que abordou a ocupação americana no Iraque). Além de ser um filme muito bem feito e com excelente produção (não é qualquer um que reúne alguns dos homens mais influentes da economia mundial para uma conversa franca), aborda um tema crucial para todos e – mesmo que para nós brasileiros não pareça tanto – ainda atual.



P.S.1: Longe de me equiparar aos economistas e autoridades citados no 3º parágrafo, mas meu 1º trabalho de Teoria Geral da Administração, em abril de 2007, já previa um colapso financeiro em escala mundial para o final da década. =P

P.S.2: A quem interessar possa, há quase dois anos escrevi um texto no meu blog explicando, de forma bem simples (não tão completa quanto em Trabalho Interno, é claro), como a crise começou. Para ler, basta clicar aqui.


Título: TRABALHO INTERNO (Inside Job)

Direção: Charles Ferguson

Elenco: Matt Damon (narração), Daniel Alpert (ele mesmo), Jonathan Alpert (ele mesmo), Sigridur Benediktsdottir (a própria), Willem Buiter (ele mesmo), John Campbell (ele mesmo), Chrstine Lagarde (a própria), Dominique Strauss-Kahn (ele mesmo);

Duração: 120 min.

Gênero: Documentário

Ano: 2010

Sinopse e detalhes

Em 2008, uma crise econômica de proporções globais fez com que milhões de pessoas perdessem suas casas e empregos. Ao todo, foram gastos mais de US$ 20 trilhões para combater a situação. Através de uma extensa pesquisa e entrevistas com pessoas ligadas ao mundo financeiro, políticos e jornalistas, é desvendado o relacionamento corrosivo que envolveu representantes da política, da justiça e do mundo acadêmico. 


12/06/2011
WJ SOLHA
Resenha do filme Trabalho Interno. Confira!

CAPITÃO VASCO MOSCOSO
 O HOMEM QUE “REDUZIU O TSUNAMI DA ECONOMIA, EM 2008, A UMA SIMPLES MAROLA.”
W. J. SOLHA
Acabo de assistir ao “Trabalho Interno” (Inside Job), Oscar de Melhor Documentário deste ano. Apesar de achar que o tema seria melhor abordado por Michael Moore (de Farenheit 11 de Setembro) – que lhe tiraria o ar de tese – a eficiência de Charles Ferguson é evidente na exposição do que foi a recente crise econômica mundial, a maior desde a Depressão da década de 30,  e que começou com a quebra do banco americano Lehman Brothers, seguida de gigantescos desmantelos numa série de outros,  com perdas globais estimadas em cerca de US$ 20 trilhões (R$ 33,2 trilhões), em vista da enorme quantidade de falências, também, noutros setores, principalmente o imobiliário, numa onda assustadora de desemprego.
 Buscando clareza em matéria bastante complexa, Ferguson abre o filme com este letreiro em fundo negro: “Eis como as coisas realmente aconteceram”, dividindo seu trabalho, a seguir,  em cinco partes – feito um clássico grego ou shakespeariano – “Como Chegamos Lá”, “A Bolha”, “A Crise”, “A Prestação de Contas” e “Onde Estamos”. Como numa abertura de ópera, mostra, inicialmente, um país pequeno mas quase perfeito – a Islândia – sendo expulso para leste do Éden, arruinado pela privatização dos bancos e desregulamentação de suas atividades, tudo obtido com eficiência por lobistas e o convencimento feito por prestigiados economistas de Columbia e Harvard, regiamente pagos pelos banqueiros, por baixo do pano.
Nos Estados Unidos, essa desregulamentação fora obtida já no governo Reagan, que colocara no arquivo morto a rígida lei que controlava os bancos de investimento. Com isso escancarou-se o crédito, principalmente para o setor imobiliário, criaram-se fortunas em cima de papeis – nomeadamente de seguradoras -, a maioria das vezes em operações de imenso risco, donde pipocaram inevitáveis fraudes contábeis, até que a bolha, em 2008,  estourou.
Ferguson é contundente nas entrevistas e depoimentos que consegue dos principais envolvidos, mostrando-nos economistas que ficam sem respostas, vacilam, recusam-se a dizer qualquer outra coisa mais, a partir do instante em que se veem acuados. É chocante ver um desses grandes nomes dizendo que não via problema em receber grandes boladas dos bancos por prestar “serviços de consultoria” ao Governo Federal, no que é interrompido pelo cineasta:
- O que acha de um médico que receita um remédio não exatamente indicado para um paciente... por ter para isso recebido propina de um laboratório?
O diretor não deixa republicanos  nem democratas de fora: Reagan, Bush pai,  Bush filho, Clinton e Barack Obama, todo mundo dança. Obama, aliás, nomeou como seus assessores quase todos os envolvidos no desastre financeiro da América e do mundo, no governo anterior, gente que não só jogara tantas famílias na miséria,  como criara uma farra permanente , paralela,  de executivos e operadores financeiros mergulhados na droga e em prostituição de larga escala, enquanto a corrupção seguia em frente, à altura da impunidade sem limites.
Caramba, Obama ganhou o Nobel da Paz ao incrementar a guerra! Como se pode crer num semelhante sistema?
Mas por que o título deste texto – “Capitão Vasco Moscoso” – com Lula posando de homem da Marinha, se o filme nem menciona o Brasil, geralmente considerado extraordinária exceção na bancarrota geral? Porque ele me lembra  muito o personagem de Jorge Amado que se faz passar por marítimo, em “Os Velhos Marinheiros”,  e se mete numa fria ao ter que comandar um navio a encostar no porto de Periperi. Alguém da tripulação, ao ver que  ele não entende nada do ramo, pergunta-lhe quantas amarras devem prender a embarcação ao cais, ao que o “Capitão”, sem saber o que responder, chuta: “Todas!”, e se torna alvo de gozação geral quando se espalha que há um navio todo emaranhado no porto, até que – homem de uma sorte sem igual – vem uma tempestade nunca vista, à noite, e a nau por ele capitaneada é a única que fica inteira em Periperi. Por que digo isso? Porque é evidente o motivo pelo qual nenhum banco, no Brasil, sequer balançou com a crise: todo mundo sabe que aqui os juros ( como os impostos ) são os mais altos do mundo. Aqui – por essas e outras - é o paraíso dos banqueiros, com total cobertura do PT. Como falir, com lucros nunca dantes navegados?
- “Esse é o cara!”, disse Barack, referindo-se a ele.
Ferguson deveria ter incluído essa patranha no documentário. Daria a ele um toque de malícia e humor.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário