Fonte: Agência Brasil
Parte da sociedade tem noção equivocada sobre direitos humanos, diz presidente da Fundação Criança
08/06/2012 - 8h53
Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
São Bernardo do Campo (SP) – Ao participar do 17º encontro do
Movimento Nacional de Direitos Humanos, o presidente da Fundação
Criança de São Bernardo do Campo, Ariel de Castro Alves, ressaltou a
importância da difusão desses valores. “Os direitos humanos precisam se
popularizar. Aqui nós trataremos da educação em direitos humanos. Uma
boa parcela da população tem uma compreensão completamente equivocada
sobre direitos humanos”, destacou, em entrevista, o advogado, que também
é vice-presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Segundo Alves, a percepção errada sobre o tema existe devido a um
estigma que foi construído principalmente durante a ditadura militar. “
Nós temos que mostrar à sociedade que, no passado, os direitos humanos
foram estigmatizados exatamente porque as pessoas que lutavam por
direitos humanos defendiam a democracia, eram tratadas como terroristas.
E hoje, no período democrático, as pessoas que lutam por direitos
humanos são, muitas vezes, tratadas como defensoras de bandidos”.
Essa noção equivocada faz, de acordo com Alves, com que setores da
sociedade defendam ideias nocivas. Uma pesquisa do Núcleo de Estudos da
Violência da Universidade de São Paulo (USP), divulgada nesta semana,
mostrou que quase metade dos brasileiros concorda com o uso de tortura
para obtenção de provas nos tribunais. “Em um dia pode ser torturado o
criminoso, no dia seguinte pode ser o suspeito e no dia seguinte
qualquer um de nós está sujeito a ser torturado e colocado como
criminoso. Temos que mostrar à sociedade que não é dessa forma, nós
temos leis que precisam ser respeitadas” disse Alves sobre os resultados
do estudo.
Para o coordenador-geral do Movimento Nacional de Direitos Humanos,
Gilson Cardoso, a sociedade organizada tem papel fundamental para
garantir o respeito aos direitos humanos no país. “Governos têm limites,
mas a sociedade civil não, nós temos responsabilidades”, destacou
Cardoso ao falar para as delegações de todas as regiões do Brasil. “A
história desse país foi construída, por meio dos movimentos sociais, em
vários momentos”, completou.
Na cerimônia de abertura do encontro, que vai até domingo (10),
foram premiadas pessoas, entidades e iniciativas que se destacaram na
defesa dos diretos básicos do indivíduo. Entre elas, está a defensora
pública Daniela Skromov de Albuquerque, pelo atendimento aos moradores
de rua durante a operação policial para coibir o uso de crack no
centro de São Paulo, além do Centro de Direitos Humanos de Sapopemba,
zona leste paulistana. Também está entre os premiados o Conselho
Estadual dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), pela
atuação no caso da reintegração de posse do Pinheirinho, em São José dos
Campos (SP).
Edição: Graça Adjuto
Nenhum comentário:
Postar um comentário