POR QUE PÓS-GRADUAÇÃO DA UERJ
FAZ GREVE?
É
comumente aceito que pós-graduação não faz greve. Seguimos os calendários
externos, das agências de fomento que mantêm nossos Programas. Somos, assim,
uma parte fundamental da Universidade, mas parecemos um corpo estranho a essa
mesma Universidade, como se as demandas não fossem da comunidade na qual a
Universidade está inserida. É de extrema importância a adesão dos Programas de
Pós-graduação ao movimento em defesa da UERJ, com paralisação das aulas e ampla
discussão, porque é a própria produção acadêmica que é ameaçada pelas razões
estruturais que culminaram nesta greve. As reivindicações que motivam o atual
movimento grevista são essenciais para a manutenção e aprimoramento de nossas
atividades.
A
agenda neoliberal, ao definir os setores que compõem o Estado, designou um
desses setores como Setor de Serviços não exclusivos do Estado e nele colocou a
educação, a saúde e a cultura. Como observou Chauí (2008), isto significou: “1)
que a educação deixou de ser concebida como um direito e passou a ser considerada
um serviço; 2) que a educação deixou de
ser considerada um serviço público e passou a ser considerada um serviço que
pode ser privado ou privatizado”. Além disso, o neoliberalismo construiu uma
visão organizacional de universidade que produziu aquilo que, segundo Michel
Freitag, pode ser definido como universidade operacional: “Regida por contratos
de gestão, avaliada por índices de produtividade, calculada para ser flexível,
a universidade operacional está estruturada por estratégias e programas de eficácia
organizacional e, portanto, pela particularidade e instabilidade dos meios e
dos objetivos. Definida e estruturada por normas e padrões inteiramente alheios
ao conhecimento e à formação intelectual, está pulverizada em micro
organizações que ocupam seus docentes e curvam
seus estudantes a exigências exteriores ao trabalho intelectual”.
Os
danos promovidos por esse modelo de universidade são visíveis: o aumento de
horasaula, a diminuição do tempo para mestrados e doutorados, a avaliação pela
quantidade de publicações e eventos, a multiplicação de comissões e relatórios,
o individualismo acadêmico, entre muitas outras questões que vivemos atualmente
na Universidade. Neste modelo a docência é pensada como habilitação rápida para
graduados, que precisam entrar rapidamente num mercado de trabalho do qual
serão expulsos em poucos anos, pois se tornam, em pouco tempo, jovens obsoletos
e descartáveis; ou como correia de transmissão entre pesquisadores e treino
para novos Pesquisadores. Desaparece, assim, a marca essencial da docência
universitária: a formação.
Recusar
um regime de dedicação exclusiva à UERJ significa também aceitar a lógica da
produção apressada e avaliada por critérios quantitativos que nos é imposta
para “complementação”
do salário com bolsas. Discutir a Pós-Graduação hoje é lutar pelo direito e
pelo poder de definir as normas de formação, docência e pesquisa que desejamos
para nosso país. Adotar uma perspectiva crítica clara sobre os principais temas
que envolvem a Pós-Graduação faz-se urgente. Esse momento de greve é para
aprofundarmos o debate.
Convocamos
docentes e discentes da Pós-graduações da UERJ a darem sua
contribuição.
Nota
oficial do Comando de Greve – Uerj – 2012
OUTRA
NOTA IMPORTANTE DO COMANDO DE GREVE:
POR
QUE NÃO PREENCHER O RFN AGORA:
Como
todos os trabalhadores brasileiros, nós, professores da Uerj, sendo ou não
substitutos, estando ou não em estágio probatório, temos o direito à greve
garantido na Constituição Federal de 1988. Estamos fazendo uma greve justa,
necessária e
legalmente
respaldada. Reivindicamos reajuste emergencial de 22% e plano de recomposição
salarial total de 60%, relativa às perdas que se acumulam desde 2001. Por um
lado, isso é
fundamental
para os aposentados que, depois de uma vida dedicada à universidade, enfrentam
sérios problemas financeiros, em virtude da falta de reajustes lineares para a
categoria. Por outro, evita que a dedicação exclusiva se torne, num curto espaço de tempo, pouco atrativa em função da
baixa remuneração.
Lembramos
que não houve a implantação do regime de dedicação exclusiva na Uerj, apesar de
previsto em nosso plano de carreira, de se tratar de regime vigente em todas as
grandes universidades públicas brasileiras e de o anteprojeto elaborado nos
conselhos superiores se encontrar na Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) há mais de 10
meses.
A
ameaça de corte dos triênios foi a gota d'água. Docentes, técnicos e estudantes
estão unidos e em greve, lutando por mais verbas para a universidade e melhores
condições de trabalho e estudo.
POR ISSO,
CONCLAMAMOS OS DOCENTES DA UERJ A NÃO PREENCHER O RFN AGORA.
Precisamos
dar ao governo uma forte demonstração de união da categoria em favor de nossa
justa pauta de reivindicações. Após a reposição dos dias parados, ao fim do
movimento de greve, preencheremos todos o RFN.
COMUNICADO DA ASDUERJ SOBRE O INCÊNDIO NO HOSPITAL
UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO:
Nota de solidariedade
Na madrugada do dia 04 de julho, o Hospital Universitário Pedro
Ernesto (HUPE-UERJ) sofreu grave incêndio e despertou grande comoção em toda a
comunidade universitária e na população fluminense. Seus pacientes e
profissionais passaram por momentos de imensa apreensão pelo ocorrido e as suas
possíveis consequências. Infelizmente, um óbito foi registrado.
Solidarizamo-nos com os pacientes, familiares e todos os profissionais que não vacilaram um só minuto para agir em socorro de quem precisou, ainda que estivessem em greve nesse momento. Aliás, esses profissionais lutam em defesa da saúde pública e melhores condições de trabalho, querem que suas reivindicações sejam atendidas pelo governo e reitoria da universidade, evitando que episódios como esse se repitam.
Para além de toda comoção de que fomos tomados, precisamos analisar com calma a situação. O incêndio teve início no almoxarifado, que concentrava materiais inflamáveis e se localizava entre duas alas do hospital, na proximidade dos fundos da cozinha. Além disso, ao seu lado, existe o local de abastecimento de oxigênio. Assim, elementos altamente explosivos (gás e oxigênio) poderiam levar a uma situação ainda mais grave. Felizmente não ocorreu, pois, certamente, a tragédia teria sido maior. Segundo os bombeiros, as condições precárias das instalações dificultaram um controle mais rápido das chamas. Foi visível a necessidade de maior treinamento das equipes e da formação de brigadas de incêndio, especialmente por se tratar de um hospital de grande porte.
A situação colocada demonstra que, se por um lado “acidentes acontecem”, por outro, esses também podem e devem ser evitados, com investimento de verba pública na universidade. Obras que não podem ser de maquiagem e precisam de melhor projeção dos prédios, para que, por exemplo, um almoxarifado desse tipo fique em área mais afastada de enfermarias e dos setores de assistência. Aos trabalhadores deve ser garantida uma política de biossegurança.
Solidarizamo-nos com todos que sofreram com esse grave episódio e exigimos que o governador Cabral garanta imediatamente todo recurso público necessário à reconstrução do nosso hospital. Declaramos desde já que não aceitaremos qualquer solução que se traduza em privatização, com Fundações ou Organizações Sociais, como foi o caso do Hospital Pedro II, na zona oeste da cidade.
Pela aplicação dos (no mínimo) 6% da receita líquida do estado na UERJ!
Pela plena recuperação do HUPE!
Em defesa da Educação e da Saúde Pública!
Comando de Greve Unificado da Uerj
MAIS INFORMAÇÕES PODEM SER ENCONTRADAS NO PORTAL DA ASDUERJ (
ASSOCIAÇÃO DE DOCENTES DA UERJ) : http://www.asduerj.org.br/
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