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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Primeiro a gente não volta dia 29, depois a gente vê se tem álcool em gel



O Tribunal de Justiça insiste num retorno precipitado dos servidores ao trabalho presencial em 29 de junho. De nada adianta as autoridades sanitárias recomendarem a não circulação de mais pessoas nas ruas para evitar a propagação do novo coronavírus se o TJ quer nos colocar em risco. Servidores se contaminando, e a seus familiares, é o que vai acontecer se nós voltarmos aos fóruns nesse período crítico da pandemia em nosso Estado.
E não adianta ficar discutindo agora o que podemos fazer para minimizar os riscos. A única coisa que pode realmente evitar que a gente pegue a Covid-19 é o isolamento social. E o Tribunal não pode reclamar do trabalho que tem sido feito pelos servidores porque já ostentou recordes nos números de sentenças, decisões e despachos. Ou seja, o jurisdicionado já está sendo bastante atendido durante essa pandemia.


Cabe ao sindicato ser firme perante a Administração do Tribunal e convocar a categoria a paralisar todas as suas atividades, a partir do dia 29, caso o TJ não recue desta ideia absurda perante a sua força de trabalho. Não somos suicidas e não queremos contaminar nossas famílias! Se o sindicato vai fazer consultas on-line que seja por meio de uma assembleia geral, pois com todos presentes e acessando pelas mídias disponíveis teremos mais confiança para um movimento organizado nesse período delicado.


Se não querem nos proteger durante essa pandemia pela qual passa nosso país e o mundo, temos que ter uma resposta à altura: GREVE! É pela sua vida. É pela vida de seu colega de trabalho. É pela vida de sua família. É possível neste momento trabalhar de casa. É possível atender as urgências dos processos físicos pelas equipes do sobreaviso que já estão se sacrificando. Posicione-se você também contra o retorno precipitado ao trabalho presencial. Defenda a greve a partir do dia 29 de junho!

quarta-feira, 17 de junho de 2020

VIDAS HUMANAS IMPORTAM

Diga NÃO ao retorno precipitado do trabalho presencial

O Tribunal de Justiça quer retomar, a partir do dia 29 de junho, o trabalho presencial dos servidores. Ainda que não seja um volta completa, exporá muitos servidores aos riscos da pandemia da Covid-19 que prossegue em sua fase de expansão, não havendo qualquer sinal de redução nos números de casos e de mortes, que em breve no Brasil chegarão a marca de um milhão de infectados e de 50 mil mortos, com taxa de letalidade de 5%. E no nosso Estado chegaremos a 100 mil infectados e 10 mil mortos, com taxa de letalidade de 10%. Ou seja, o Rio de Janeiro tem uma taxa de letalidade que é o dobro da média nacional. 

O Brasil ultrapassou o Reino Unido em número de mortes, já ocupando a segunda posição em âmbito mundial, e, mesmo assim, algumas projeções dizem que se a pandemia continuar nesse ritmo possamos até passar os Estados Unidos. Isso sem falar na enorme subnotificação de casos. Segundo alguns meios de comunicação, no início deste mês foi constatado que o nosso país é o quinto lugar entre os países que menos fazem testes para diagnosticar a Covid-19, que a cada 100 pessoas testadas, 65 tem o vírus e o aumento exponencial e injustificável de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave. Ou seja, se juntarmos os três fatores acima podemos concluir que no Brasil a quantidade de pessoas infectadas e falecidas pelo novo coronavírus é bem maior que o noticiado. E isso, claro, aumenta a chance de nos contaminarmos, fora o risco de vivermos uma segunda onda da doença - como já aconteceu em outros países - quando na verdade nem saímos da primeira onda ainda.

Em recente nota técnica[1] da Fiocruz, foram explicitados todos os temores que um relaxamento das medidas de isolamento social podem provocar, pois aumentará a circulação de pessoas nas ruas num momento em que ainda há muita propagação comunitária do vírus. Países que adotaram semelhante medida a fizeram com a curva em queda, o que não é nosso caso! A Fiocruz,  maior autoridade do país no combate ao novo coronavírus, não recomenda nenhum relaxamento das medidas de isolamento social. 

O tribunal tem produzido um número extraordinário de sentenças, decisões e despachos durante a pandemia, como gosta de expor. Os processos físicos, quando urgentes, são processados pelas equipes de sobreaviso, ainda que com riscos aos servidores. Ou seja, já estamos nos arriscando demais durante essa pandemia. E, apesar da quantidade enorme de decisões proferidas, essas infelizmente não têm apoiado a população, como no caso da liberação dos decretos estadual e municipal que relaxaram as medidas de isolamento, dada depois de uma decisão liminar sustando inicialmente os efeitos de tais decretos.

A proteção à vida é a atitude mais nobre que um trabalhador deve ter durante a pandemia. O sindicato, como representante da categoria, precisa estar em sintonia com a defesa das vidas dos milhares de serventuários e serventuárias. Não dá para transigir quando em risco nosso maior bem. Um sindicato que se preze não tem que se comportar como parceiro da administração, mas tem que defender os interesses de sua classe. Por isso, defendemos que o sindicato proponha à categoria deflagrar GREVE, caso o tribunal insista com essa reabertura precipitada colocando nossos colegas em risco, parando não só as atividades presenciais como todo o trabalho remoto, pois vidas humanas importam.

terça-feira, 2 de junho de 2020

PELA VIDA: NÃO À ABERTURA DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA!

O Conselho Nacional de Justiça publicou um provimento autorizando os tribunais a reabrirem a partir do dia 15 de junho. Cada Estado vai avaliar sua situação específica, mas, antes que tentem uma reabertura precipitada, temos que ter uma atitude veemente em defesa de nossas vidas e de nossos familiares.

No TJ-RJ, houve o vazamento da minuta de um ato da Corregedoria Geral da Justiça falando em retorno às atividades presenciais de trabalho no dia 14 de junho. Embora o documento não tenha poder de determinar o retorno ao trabalho presencial de servidoras/es, ele é um texto real, emanado de alto escalão do TJ-RJ (não é "fake"). A própria administração do tribunal admitiu isso em nota.



A Presidência do Tribunal de Justiça disse que a minuta que circulou via WhatsApp é verdadeira, porém não é um ato da presidência, mas "apenas" uma sugestão apresentada pela CGJ. Ora, é preocupante que este tipo de posicionamento esteja sendo encaminhado pela Corregedoria Geral da Justiça, pois esta é um órgão do alto escalão do TJ-RJ. Além disso, não há nenhuma rejeição categórica ou veemente da presidência do tribunal em relação a tal sugestão absurda. Da mesma forma, é extremamente preocupante que o Sind-justiça minimize a gravidade dessa movimentação das altas esferas do poder judiciário estadual em tentar pavimentar um retorno do trabalho presencial no TJ-RJ ainda em 2020. Retornar ainda nesse período é temerário, leviano para com a vida humana.

Até este momento, a direção do Sind-justiça tem minimizado o problema, afirmando que não há nada de concreto a respeito dessa volta ao trabalho presencial. Mas o fato é que, mesmo que ainda não haja nada de concreto, as coisas podem mudar rapidamente. Vale lembrar que numa transmissão ao vivo promovida pela OAB-RJ em 15/05/2020 ("OAB-RJ COM VOCÊ: Judiciário fluminense e a advocacia na pandemia") o corregedor teve uma fala que difere completamente do que ele propõe agora. No minuto 21 da transmissão ao vivo, o corregedor afirmou que o retorno ao trabalho presencial se daria a partir de 2021. Disse exatamente: "...adianto que nós vamos viver essa situação pelo menos até o ano que vem, em termos de poder judiciário e de advocacia. Isso não é uma especulação minha, isso é uma análise de situação...". Ora, se a Corregedoria Geral da Justiça mudou de posicionamento tão rápido, passando a defender agora o retorno ao atendimento presencial ainda em 2020, é claro que a presidência do TJ-RJ também pode mudar seu entendimento atual e abraçar a "sugestão" absurda dada pela CGJ.

A direção do Sind-justiça parece estar confiando nas diferenças políticas entre o corregedor geral e o presidente do TJ como garantia de que a proposta de retorno ao trabalho físico será descartada. Só que tais diferenças sempre ocorreram nas gestões anteriores do tribunal e isso nunca impedia que a alta cúpula do poder judiciário agisse em comum acordo na hora de oprimir serventuárias/os. Não podemos reeditar a retórica de que o presidente é "parceiro do servidor" enquanto o corregedor seria o "malvado", retórica essa que vendeu ilusões à categoria serventuária durante a gestão do presidente Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho (de 2015 a 2016).

Temos que nos antecipar ao problema e deixar claro que não aceitaremos retorno ao trabalho presencial neste momento. Não é possível admitir que se cogite essa loucura, quando os casos da Covid-19 não param de aumentar e as autoridades não tratam da pandemia seriamente. Cabe à entidade sindical dizer NÃO em alto e bom som. Cabe também fazer suas exigências para uma futura retomada das atividades presenciais, quando for o momento.

Até a AMAERJ (Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro) já publicou suas exigências. As da categoria serventuária têm que ser mais rígidas. Manifeste-se você também contra a reabertura precipitada dos fóruns. Não somos suicidas, muito menos bolsonaristas para negar o que está acontecendo no nosso país diante da ascensão dos números da Covid-19. A defesa da nossa vida deve vir em primeiro lugar. Mesmo que não haja nada de concreto ainda, sabemos que depois que reabrirem muito pouco vai poder ser feito.

Como já dito por gente da base trabalhadora do TJ: diante de uma reabertura precipitada nos restará entrar em GREVE! E isso tem que ser deixado claro também pela entidade sindical desde já.

terça-feira, 26 de maio de 2020

Uma comparação descabida?

(Por: W. B.*)

Dia desses assisti ao filme "Vestígios do Dia" (Remains of the Day), produção EUA/Reino Unido, com 134 minutos, direção de James Ivory. A obra inteira é muito boa, com destaque para as belas interpretações de Anthony Hopkins e Emma Thompson. Mas teve um trechinho que me chamou especialmente a atenção. Ele me fez pensar um pouco no cotidiano de trabalho no Tribunal de Justiça aqui do Estado do Rio de Janeiro neste nosso século 21, apesar de o longa-metragem se ambientar na Inglaterra dos anos 1930.
Num dado momento do filme, durante uma reunião para visitantes ilustres, o mordomo chefe tem que se dividir entre as obrigações para com os patrões, e as preocupações com seu pai, também empregado, e que estava gravemente doente naquele dia.

Um convidado pede uma bacia de água morna com sal para pôr os pés, pois os seus sapatos estavam apertados. Outros fazem pedidos ainda menos importantes. Enquanto isso, o pai do mordomo está agonizando sem a presença do filho. Este é chamado depois - por seus colegas - ao leito do doente, que acabou de morrer. O mordomo fica ali bem pouco, recebe os pêsames de outros empregados e depois volta a servir no banquete dos patrões sem contar nada a eles ou a nenhum dos convidados. Ainda se lembra de pedir ao médico (o qual acabara de atestar o óbito de seu pai) que fosse urgentemente cuidar das dores nos pés do convidado que usara calçados apertados.

O que isso tem a ver com o trabalho no Tribunal de Justiça? Talvez nada, ou muito pouco. Mas o fato é que, na mesma hora, eu me lembrei dum caso que uma colega de trabalho me contou. Ela me disse que não pudera gozar da licença nojo (licença por falecimento de parente), quando sua mãe morrera. Levei um susto, pois esse tipo de licença não precisa de autorização. Perguntei por que ela não pudera usufruir desse direito. "Porque eu trabalhava em gabinete de juiz", foi a resposta. Eu argumentei que a licença é direito de todas as pessoas que trabalham no TJ, seja onde for. Então ela me respondeu que foi ameaçada de dispensa da função de secretária, caso gozasse a licença legal.

Essa colega cumpriu expediente normal naqueles tristes dias que se seguiram à morte da mãe.

Há quem possa argumentar que a comparação com o mordomo do filme é descabida. Que o trabalho no tribunal não se compara à futilidade duma festa numa mansão. Mas a cerimônia da mansão também se revestia de importância, pois nela havia pessoas influentes de países que estavam prestes a firmar acordos ou oposições em relação à Alemanha nazista. E no TJ também há, em meio à seriedade do que muitas vezes é decidido, alguns cerimoniais e ritos no mínimo desnecessários. O que são a obrigatoriedade do uso de gravatas por advogados em plena região tropical, e as togas completamente anacrônicas e os pronomes de tratamento pomposos? Será que são tão diferentes da ritualística dos talheres ou da forma de servir os convidados na Inglaterra nobre dos anos 1930, retratada no filme?
O fato é que, tanto numa quanto noutra realidade, o luto pela morte dum familiar deveria ter importância maior que a continuidade rígida da rotina laboral.  

* W.B. é associado do CESTRAJU - Centro Socialista dos Trabalhadores do Judiciário.

sábado, 2 de maio de 2020

Protestando em 1º de Maio em Brasília, enfermeiras sofrem agressão de quadrilha bolsonarista: mídia e polícia se omitem

(Por: W.B.*)
No dia 1º de Maio de 2020, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, um grupo com cerca de 60 profissionais da saúde fez um protesto em frente à Praça dos Três Poderes (Brasília-DF). Ato público silencioso, com manifestantes usando máscaras e respeitando rigorosamente a distância entre si, e mantendo-se também afastados de transeuntes.
 
Suderlan Sabino, do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal e membro da diretoria da Associação Brasileira de Enfermagem, destacou que, na realização do protesto, os manifestantes fizeram questão de tomar várias precauções, pois há orientações das autoridades de saúde para evitar aglomerações e para não favorecer a eventual proliferação do coronavírus (covid-19). “Usamos máscaras de tecidos pra não gastar as máscaras que são usadas pelas equipes [de saúde] nos serviços, mantivemos um isolamento de 2 metros entre os colegas e ninguém se cumprimentou, a não ser a distância”, informou Sabino.
Tais profissionais, em luta por melhoria da saúde no país, foram hostilizadas por uma gangue bolsonarista que, criminosamente, conclama populares a desrespeitarem o isolamento social determinado pela Organização Mundial da Saúde e toda a comunidade científica mundial. Pensemos um pouco sobre este triste episódio.
Agressora de profissionais da saúde em 01/05/2020, Brasília
Vê-se que o Estado brasileiro é extremamente hipócrita. Pois mesmo segundo os ditames do próprio Estado democrático de direito burguês, esses apoiadores de Bolsonaro teriam que ter sido abordados pela polícia pelo simples fato de estarem transitando por ali sem máscaras e sem observar nenhum tipo de distanciamento em relação às outras pessoas. Mas isso não aconteceu. Então essa canalhada bolsonarista resolveu ousar mais: foi agredir verbalmente profissionais da saúde que estavam fazendo um protesto perfeitamente legítimo e responsável. Desta vez pelo menos, essa corja repressora teria que ter sido presa por estar desrespeitando o direito de manifestação assegurado pela própria Constituição Federal brasileira. Mas o que a polícia fez? Nada. 
Agressor cujo perfil já foi até identificado por internautas
Daí, os patri(di)otas se sentiram confiantes e chegaram ao cúmulo de cuspir nas profissionais da saúde. Essa conduta já configuraria crime em qualquer época (seria o tipo penal "injúria real", pelo menos era qualificado assim na época que estudei legislação). Mas, no presente caso (que se deu num momento de pandemia), cuspir em alguém é algo ainda mais grave: é crime contra a saúde pública, equiparável à tentativa de homicídio. A polícia, então, prendeu esses genocidas? Não.
 
Agressor em flagrante delito na Praça dos 3 Poderes em 01/05/20
É impressionante o grau de submissão dos policiais a burgueses bolsonaristas que propagam mentiras, e que até negam a existência do coronavírus (!). O número de agentes da segurança pública mortos por covid-19 também é enorme. Quando deixam de conter esses criminosos antiquarentena, PMs estão favorecendo a morte de seus próprios colegas. Vale a pena morrer, só para bajular esses riquinhos desocupados propagadores da pandemia?
 
Sem máscara, ganguista causa tumulto em plena pandemia
Os bolsonazistas só ficaram afastados do protesto depois de muita repercussão negativa das agressões que fizeram.
Logo no dia seguinte ao ocorrido, várias pessoas comuns do povo denunciaram, pela internete, nomes e perfis supostamente pertencentes aos agressores. Para processá-los, nem seria preciso alguma investigação trabalhosa: bastaria uma simples pesquisa nalgum buscador como o Google. Por que nada é feito? Será que o Ministério Público e a Polícia Civil também são lambe-botas desses burgueses bolsonaristas criminosos?
 
Agressora confiante na conivência da polícia e do MP
E a mídia global que gastou 20 minutos dando destaque a Sérgio Moro depois de sua renúncia ao cargo de ministro da justiça em abril/2020, quanto tempo usou para falar sobre esse crime dos bolsonaristas cometido diante das câmaras e bem em frente a um órgão governamental?
Brasília, 01/05/20
Por acaso a mídia foi entrevistar PMs e comandantes de batalhão para questionar sobre a omissão policial? Foi tentar identificar os agressores e questioná-los sobre o crime cometido? Foi entrevistar juristas para perguntar sobre a ilicitude da conduta de cuspir em alguém num período de pandemia? Por que não foram buscar pareceres de gente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da AJD (Associação Juízes para a Democracia), por exemplo? A mídia não teria espaço para isso? Acham mais útil transmitir programas culinários, telenovelas fúteis e Big Brother Brasil, não é mesmo?
Brasília, 01/05/20
Leiamos a imprensa sindical, comunitária e popular, produzindo também nossas narrativas! E denunciemos sempre as contradições desse sistema hipócrita.


FONTES:

- Reportagem de Amanda Almeida em O Globo: "Em protesto em Brasília, enfermeiros são agredidos por apoiadores de Bolsonaro". No endereço seguinte:

- Matéria da jornalista Cristiane Sampaio no Jornal Brasil de Fato: "Em silêncio e segurando cruzes, enfermeiros protestam na porta do Planalto". No endereço eletrônico:
* W.B. é servidor público do poder judiciário do Estado do Rio de Janeiro e associado do Centro Socialista de Trabalhadoras/es do Judiciário (CESTRAJU).

Compartilhe, para que a gente viva

(Por: W.B.*)


Não importa em quem você votou, temos que lutar pela vida de todas as pessoas.

Em pronunciamento feito na quinta-feira 16/04/2020, o presidente Jair Messias Bolsonaro defendeu que as pessoas pobres voltem ao trabalho durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Para justificar isso, ele disse que o Estado não tem condições para manter essas pessoas em casa. Mas será que isso é verdade? No vídeo "Análise do Discurso do Bozo", incluído em seu canal na plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube, o Prof. Dr. Paulo Ghiraldelli afima que o Estado tem toda condição de manter as pessoas em casa, usando dinheiro de várias fontes:

1) Dinheiro de reserva cambial deixado pelo governo anterior;
2) Dinheiro do BNDES (que veio dos impostos da própria população);
3) Dinheiro que o Estado brasileiro gasta para rolar a "dívida" pública, uma "dívida" ilegítima segundo a Auditoria Popular da Dívida e a auditora fiscal Maria Lúcia Fatorelli e que é paga pra banqueiros (bilionários);
4) Impressão de dinheiro, tendo um cálculo de gasto programado, evitando a inflação (até os economistas André Lara Resende e Henrique Meirelles, que é direitista, dizem a mesma coisa).


O Prof. Paulo Ghiraldelli, que passou essas informações, é bacharel em Filosofia pela Universidade Mackenzie, tem mestrado e doutorado em Filosofia da Educação pela PUC-SP, e pós-doutorado em Medicina Social pela UERJ. Ao contrário do que é divulgado por militantes bolsonaristas desonestos e compartilhado (via WhatsApp) por pessoas ingênuas, este textinho aqui tem autoria expressa e cita a fonte.


Sair do isolamento é condenar milhares de pessoas a morrer. Está provado aqui que existe muito dinheiro para garantir a quarentena. Precisamos forçar o governo a tomar medidas em prol da vida, nem que seja preciso derrubar o presidente da república.

VAMOS REPASSAR ESSA MENSAGEM PARA TODOS OS NOSSOS CONTATOS E, ASSIM, SALVAR VIDAS.
 
* W.B. é técnico de atividade judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, sindicalizado, e associado do Centro Socialista de Trabalhadoras/es do Judiciário (CESTRAJU).

domingo, 12 de abril de 2020

Breve Análise da Situação do Governo Brasileiro em Março-Abril/2020


(Por: W.B.*)
Este texto foi elaborado na primeira quinzena de abril/2020. Apesar de o Brasil parecer estar parado por conta da grave crise causada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19), tudo vem acontecendo bastante rápido no governo federal. Então é possível que muito do que aqui fica escrito perca sua atualidade ou mesmo seja desmentido por fatos novos. Mas, ainda assim, continuará importante pelo menos como registro: o que é bastante válido, principalmente nesta época em que a história é desvalorizada, e os acontecimentos costumam ser esquecidos na velocidade dum clique.

O presidente Jair Messias Bolsonaro tem negligenciado os cuidados necessários para evitar o espalhamento do vírus, que já atinge todo o planeta em nível catrastrófico. Ele tem também usado o chamado gabinete do ódio para disseminar notícias falsas sobre a doença, buscando convencer as pessoas de que não há perigo grave. Esse gabinete é composto por pessoas pagas especificamente para elaborar e replicar textos, imagens e vídeos manipulados tecnologicamente, com conteúdo (mentiroso ou tendencioso) que favoreça os objetivos do governo federal. A finalidade maior é manter o lucro dos ricos à custa da saúde dos pobres, que são convencidos a voltar ao trabalho em vez de exigir subsídios para se manter em confinamento. A morte de pessoas idosas é até desejada pelo governo, que as considera improdutivas. Não por acaso, a política previdenciária do ditador Augusto Pinochet (1915-2006), que gerou altíssimo indíce de suicídios de idosos no Chile, é enaltecida pelo ministro da Economia Paulo Guedes e pelo próprio presidente.

Em apoio ao gabinete do ódio, há os militantes pró-Bolsonaro (apelidados de bolsominions), que, mesmo não sendo remunerados para isso, têm reproduzido notícias falsas dia e noite. Geralmente os bolsominions são filhinhos de papai, ricos ou classe média alta, sem nada o que fazer além de ficar pendurados em telefones-espertos ou microcomputadores, bajulando o presidente ou atacando seus supostos inimigos. Por que eu escrevo aqui "supostos"? Ora, porque Bolsonaro e o gabinete do ódio inventam inimigos internos para manter os bolsominions em eterno clima de guerra e de apoio a uma fantasiosa imagem de "presidente guerreiro destemido". Essas figuras, pintadas como adversárias em alguns momentos, na verdade são completamente submissas ao presidente: é o caso do vice Hamilton Mourão, do chefe da Casa Civil Walter Braga Netto e dos ministros da Justiça Sérgio Moro e da saúde Luiz Henrique Mandetta.
Vê-se que Bolsonaro usa o gabinete do ódio para esculachar, pela internete, pessoas que integram seu próprio governo e, assim, mantê-las com o moral baixo e, consequentemente, submissas. Esse procedimento também serve para movimentar a referida militância voluntária (não remunerada). Tal militância é formada, em geral, por indivíduos dotados dum sentimento rebelde fútil. Eles não têm a rebeldia salutar contra um sistema socialmente injusto, visando a construção de um mundo harmônico, libertário e igualitário. Não, a rebeldia dos bolsominions é uma rebeldia narcisística, focada em dar vazão a ressentimentos, rancores, mesquinharias contra tudo que não os agrada. E não agrada por capricho: não agrada porque o bolsominion acha esquisito e pronto, sem racionalidade. Assim vem o ódio às pessoas LGBTQIs, quilombolas, indígenas, feministas e socialistas dos mais diversos matizes (que eles tacham, estereotipadamente, de "comunistas", sem nem estudar o que é isso).

Esses rebeldezinhos são informalmente recrutados - via Facebook e WhatsApp - para o combate a mais supostos "esquerdistas infiltrados" (que muitas vezes são membros do próprio governo e integrantes da extrema direita). Enquanto os bolsominions se mantêm ocupados com esse "combate" vazio, se sentem valorosos e nem têm tempo de se voltar para suas próprias frustrações. Não têm tempo para ver que, na verdade, o "mito" Bolsonaro não dissolveu nenhum de seus ressentimentos. As insatisfações pessoais (que permanecem!) são postas na conta dos opositores, dos "comunistas" e dos supostos inimigos internos.
SP, 26/05/19 - Manifestação apoia Bolsonaro (ameaçado por quem?)
Boa parte da esquerda cai na cilada de enxergar, nesses escrachos feitos pelo gabinete do ódio contra membros do executivo federal, um sintoma de que o governo estaria rachado. Ou de que que o Bolsonaro está isolado dentro do governo e não manda mais nada. Essa esquerda não reflexiva acaba acreditando, por exemplo, que  o ministro Luiz Henrique Mandetta não caiu no início de abril/2020, por causa da interferência dos militares. Ora, os milicos estão completamente domesticados, pois as forças armadas receberam bastante recurso que Bolsonaro tirou da Saúde e da Educação.

Não há absolutamente nenhuma evidência (ou mesmo indício) de que o o chefe da Casa Civil Braga Netto esteja mandando mais que o presidente da república, como afirmaram alguns militantes da esquerda parlamentar. Esta, cada vez mais, tem se mostrado uma esquerda "pra lamentar", pois completamente doutrinada pelos partidos políticos institucionais, dogmática e tendente a cultuar líderes, sem raciocinar por si mesma.

Bolsonaro não está baratinado: esse movimento de vai e vem, esse eterno morde e assopra com seus aliados é um jogo de mídia que mobiliza o público dele e é a única coisa que ele sabe fazer. Ele não quer governar (e nem sabe), quer é ir dinamitando a república para que passemos a viver uma realidade dominada por milícias e igrejolas caça-níqueis. Sem nenhum tipo de serviço público.
Não está no horizonte um golpe militar, mas sim a destruição de todas as concessões sociais e conquistas civilizatórias, científicas etc. É o reino do egoísmo em último grau, com clãs privados se defendendo com armas. É a violência capitalista completamente descentralizada, um tipo de opressão muito diferente da ditadura militar, mas tão ou mais nefasta do que ela.
Agora, por que a ditadura empresarial-militar brasileira (1964-1985) continua sendo posta como referência positiva pelo governo? Porque Bolsonaro quer dizer que aquele regime despótico foi necessário para proteger o país do "comunismo" que o ameaçava. Assim ele mantém viva a crença na permanente ameaça marxista e faz com que as pessoas aceitem qualquer absurdo que ele faça, pois todos deveriam ficar eternamente unidos contra o inimigo maior (o tal "comunismo"). Afirmando a existência dessa ameaça do passado (que continuaria no presente), Bolsonaro mina qualquer tipo de empatia com as pessoas que sofreram sob a ditadura militar, e que são inimigas ideológicas dele justamente por defenderem igualdade social. E igualdade social é o que ele não quer nesse tipo de sociedade sem normas, selvagem, hipercapitalista, que ele tenta fazer surgir das cinzas da limitada democracia brasileira atual.

Fica claro que é isso que ele quer quando vemos suas ações contra o uso obrigatório de cadeirinhas para proteger crianças nos carros particulares, ou quando ele tenta tirar radares de medição de velocidade em autoestradas. Por mais que não saiba formular isso explicitamente como discurso, ele deseja o reino absoluto da "liberdade" burguesa e o fim completo de qualquer função social do Estado. Só não se pode dizer que ele almeja a extinção do Estado, pois na verdade este permaneceria como aparato puramente repressivo, auxiliando as milícias a controlar o povo, que seria dominado ideologicamente pela igrejas evangélicas.

Para o mercado financeiro, que  mantém Bolsonaro, tanto faz se ele promove o neoliberalismo econômico no estilo de Fernando Collor de Mello, FHC ou João Amoedo; ou se ele vai para o hipercapitalismo anômico do pseudo-filósofo Olavo de Carvalho. Pois o lucro dos bancos continuaria em ambos os casos.

Para que Jair Messias Bolsonaro seja destronado do céu em que se encontra e afunde nas profundezas onde é seu lugar, cabe que façamos nosso trabalho de conscientização mútua, sem sectarismos. É preciso nos escutarmos e pensarmos sobre o que é dito. Lembrando também que, apesar de ser importante vermos o que se passa nas esferas da política institucional, o verdadeiro caminho da mudança social se dá construído coletivamente nos locais de trabalho e moradia. A luta deve ser comunitária, estudantil, sindical, criando nossas formas de produção autônoma e modos livres de viver, desde já. E devemos sempre denunciar e exigir que o patronato devolva o que nos tira pela exploração de nossa força de trabalho.

A luta é longa, mas, por isso mesmo, tem que ser feita desde já. Não temos nada a perder, a não ser as correntes que nos prendem. E nos insurgirmos é sempre melhor que sofrer em silêncio, independente de os frutos virem agora ou num futuro muitíssimo longínquo.

Iniciar uma luta já é, em si, uma vitória.


FONTE:

Canal do filósofo, pesquisador e professor universitário aposentado Paulo Ghiraldelli (UFRRJ) na plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
* W.B. é técnico de atividade judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro e associado do CESTRAJU (Centro Socialista de Trabs. do Judiciário).  


terça-feira, 24 de março de 2020

O SOMBRA SABE (março/2020)


VIVENDO NA BOLHA. ATÉ QUANDO?

Tem servidores que acham que vivem mesmo numa bolha e as mazelas, pelas quais passa a categoria, não os atingem. Uns porque são assessores de desembargadores e ganham uma gorda gratificação. Outros porque secretariam juízes e recebem também uma não desprezível comissão. Até mesmo alguns que trabalham a distância ou no gabinete sem comissão, mas não são submetidos ao atendimento à população, acreditam nessa situação apartada do mundo. Um reflexo disso é um setor de um famoso fórum regional. Servidores costumam se reunir com outros em suas casas para tomar chá ou vinho importado (chique!) e falarem sobre a última viagem ao exterior, a última aquisição de bem eletrônico, a última roupa comprada, até o castelo de areia se desfazer e todos caírem na real e verem que nunca foram juízes e, em breve, se tornarem trabalhadores precarizados. Acorda, rapaziada!

A CAÇADORA ATACA NOVAMENTE

Na 2ª Instância, chefete continua fazendo das suas. Se o funcionário falta, ela finge que aceita o atestado, depois bota o serviço do(s) dia(s) faltado(s) para o servidor dar conta, além do serviço do dia do retorno. Sai pra lá, Capitã do Mato!

TERRAPLANISTA NO TJ

Além de ter virado eleitor do Bozo, servidor ex-grevista, agora terraplanista de raiz (seguidor da seita de Olavo de Carvalho), se recusa a tomar vacina. "Marcô" bobeira, filho? Se o peleguismo já te pegou, cuidado que o sarampo mata!

NAS MINAS DO "REI" SALOMÃO

Servidora, que interrompeu as férias para trabalhar durante uma greve da categoria, continua a fazer das suas. Com boa dose de perversão, além de eleitora do Bozo, após concluir o serviço de retorno da conclusão (uma "mina" para serviço rápido e de grande produtividade no DCP), ela pergunta em voz alta, visando deixar os demais colegas (assoberbados de trabalho) em má situação: "Posso ir embora antes da hora, chefe?".

EM TEMPOS DE X-9 E VILÕES

Quando crianças lemos, nas histórias do Zorro, que Don Diego de La Vega assume a identidade secreta para defender plebeus e indígenas na Califórnia e combater com sucesso contra funcionários corruptos, tiranos e outros vilões. Mas, saindo da infância e indo para a idade adulta, trabalhamos em um tribunal onde quem se dá sempre bem é o vilão. Como vemos em um cartório cível da Capital, onde o RE tem promovido a deduragem, contando com a colaboração de funcionário X-9, seu braço direito, que cagueta colegas, em troca de alguns privilégios. O curioso é que o dito RE, quando trabalhou em uma regional, não era prodígio em chegar no horário.

A seção O SOMBRA SABE integra o jornalzinho Boca Maldita, informativo do CESTRAJU. Estas notas, especificamente, foram publicadas no Boca Maldita nº 111, de março/2020.

RÁPIDAS

Oh, Glória
Seguindo os passos do marreco de Maringá (o sinistro ministro Sérgio Moro) e do fanfarrão Wilson Wtzel, a juíza Glória Heloísa de Lima da Silva pediu exoneração da magistratura fluminense para se candidatar, provavelmente, à prefeitura do Rio de Janeiro, este ano, apoiada pelo governador. Para largar a magistratura é como diz o ditado popular: "a boca é muito boa!". Enfim, estamos feitos!

Operação Faroeste na Bahia
Quatro desembargadores (incluindo o presidente e a vice presidente) e três juízes foram denunciados pela Procuradoria Geral da República, no final de 2019, por suposto esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça da Bahia. A farra do boi não para aí. Os desembargadores da Mesa Diretora do TJ-BA (alguns já afastados) receberam R$330 mil em diárias, em dois anos. Realmente, é dura a vida de um magistrado!

E em Campos dos Goytacazes...
No final de 2019, o juiz Glaucenir de Oliveira, da 3ª Vara Criminal de Campos, foi afastado por dois anos por insinuar que o sempre questionável Gilmar Mendes, ministro do STF, terjia recebido propinas. Glaucenir foi também obrigado a pagar uma indenização de R$27 mil. Já o seu parceiro de magistratura na comarca, Cláudio Cardozo da França, por morosidade na análise de processos, foi censurado pelo Órgão Especial do TJ, que impede a sua promoção por um ano (oh!!!). Que exemplo de moralidade é o Judiciário!

Batida nas Regionais
No início de março/2020, fiscalização e recolhimento do ponto nas regionais do Méier e Madureira. Não satisfeitos e perseguir e suspender servidores, Keith Marrone e Paulinho "Cachorro Louco" seguem mostrando os dentes.

Ken Loach em Tempo de Forças-Tarefa
Para quem não viu, o filme novo do diretor britânico Ken Loach, "Você Não Estava Aqui" é uma crítica demolidora sobre a precarização do trabalho e a "uberização" deste. Coisa que nós estamos vivendo aos poucos no TJ: falta de funcionários, forças-tarefa no DIPEA, Central de Cálculos e VEP para tentar compensar e um edital de concurso para um número de vagas pífio diante da carência de funcionários. Se não reagirmos, vai piorar ainda mais.

segunda-feira, 23 de março de 2020

O Que Vem a Ser o CESTRAJU

O Centro Socialista dos Trabalhadores do Judiciário (CESTRAJU) foi criado em 2016, com o objetivo de estudar o processo de privatização da força de trabalho no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro) e conscientizar os servidores (iludidos com a política de parceria desenvolvida pela então gestão sindical com o Poder) sobre os efeitos nefastos da política de conciliação de classes, que não combatia a privatização.

Revista Contra Legem, iniciativa que muito deve ao CESTRAJU
Em 2013, o CESTRAJU conseguiu registro legal. A partir de 2018, como a entidade sindical (Sindjustiça) foi acometida definitivamente do MAL DE ALZHEIMER, e a ausência de democracia de fato se perpetuou no referjido sindicato, o CESTRAJU se tornou um fórum de luta. Muito mais do que uma oposição sindical, o CESTRAJU também é um polo aglutinador de trabalhadoras e trabalhadores de esquerda, com diversas concepções.

 
Entre as iniciativas do CESTRAJU na nossa categoria estão o longevo informativo Boca Maldita (conhecidíssimo entre a categoria serventuária), o BLOGUE DO CESTRAJU e o tradicional Bloco da Ceguinha. Além disso, o Centro Socialista de Trabs. do Judiciário promove sempre campanhas de solidariedade a pessoas da categoria serventuária perseguidas pelo Poder, como também de apoio a outras categorias em luta.

Bloco da Ceguinha 2018
Para tanto, o CESTRAJU tem finanças próprias: uma anuidade de R$35,00 (trinta e cinco reais), ou mensalidade de R$3,00, algo compatível com a situação de arrocho em que vive a categoria servidora no TJ. Diferente do rico Sindjustiça, que arrecada muito e investe quase nada na luta, mas, em contrapartida, dá privilégios aos seus diretores.   

domingo, 22 de março de 2020

Barrar a Reforma Administrativa do Bozo e de Paulo Guedes!

Mesmo com todos os ataques desferidos pelos governos federal, estadual e municipal à classe trabalhadora e à população - como a Reforma da Previdência de 2019 e o desmonte dos serviços públicos e de estatais (vide caos nos pedidos de aposentadorea no INSS; crise da saúde e da água no Rio de Janeiro; venda de setores da Petrobrás etc.) - o resultado foi desapontador: o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu 1,1% em 2019, o dólar está chegando perto de cinco reais e existe uma intensa fuga de capitais do Brasil. A Bolsa de Valores "derrete", repetem os analistas da grande mídia, serviçais do capital financeiro.

Espremido pela crise estrutural da economia capitalista mundial (tendo a atual epidemia mundial de coronavírus sido eleita a grande vilã), o governo de Bozo, Moro e Paulo Guedes volta a sua sanha assassina para cima do funcionário público, seguindo obediente à banca financeira internacional. Neste sentido, a Reforma Administrativa proposta pelo atual governo objetiva: fim da estabilidade (sendo esta uma garantia para o servidor exercer sua função independente de cada governo de plantão), possibilidade de redução de salário, limitação de concurso público (com aumento da terceirização) etc.
Os Três Cavaleiros do Apocalipse: $érgio Moro, Bozo e Tchutcuca dos Banqueiros
É importante enfatizar que se não houver resistência, a Reforma Administrativa passará com facilidade, porque apesar da crise gerada pela manifestação apoiada por Bozo contra o Congresso e o STF, o Legislativo e o Judiciário estão também obedientes às exigências do capital financeiro. E é ledo engano achar que a Reforma Administrativa sáo estará no âmbito federal, pois a Reforma da Previdência de 2019 já foi aprovada esse ano em vários estados (inclusive em governos petistas), em meio a tiro, porrada e bomba, como foi o caso de São Paulo, nonde o criminoso Dória (PSDB) impôs também uma alíquota de contribuição do funcionalismo de 16%. Por tudo isso, é fundamental que estarmos atentos, organizados e sempre com muita disposição para a luta.

sábado, 21 de março de 2020

Luta Contra a Reforma da Previdência Não Acabou

Em 2019 não tivemos sucesso na luta contra a Reforma da Previdência, pela traição e inoperância das direções sindicais e - pasmem! - pela concordância de alguns trabalhadores com as propostas desse governo. Agora, estamos diante da continuidade dessa reforma com a chamada PEC Paralela, que incluirá os servidores estaduais e municipais nas novas e piores regras já aprovadas pelo Congresso Nacional.
Portanto a luta contra a PEC Paralela e a Reforma Administrativa, que quer reduzir o salário dos servidores públicos e acabar com a estabilidade, deve ser empreendida já e intensificada o quanto antes. Não dá pra brincar com um governo ultraliberal comprometido até o último fio de cabelo com banqueiros. É preciso que os servidores fiquem atentos e que as direções sindicais parem de cochilar.

Lutar para não passar o sexto ano sem reajuste

O verão de 2020 ficará marcado pelo gosto amargo da água no RJ. Mas amargura pior passam os servidores estaduais que desde 2014 não têm reajustes em seus salários. Com os preços dos aluguéis, condomínio, luz, que não param de aumentar, já é possível prever uma perda no poder de compra de mais da metade dos nossos salários.

Os governantes, em conluio com banqueiros e grandes empresários, querem jogar a conta dessa crise nas costas de quem trabalha. Os serviços públicos para a população necessitam de servidores valorizados com dignidade para poderem se sustentar e manter a qualidade do atendimento.

Passamos esses anos todos nos endividando e reclamando nas redes sociais sem que nada de efetivo fosse feito. As direções sindicais trataram de frear a luta nesse período.

Aqui no TJ, trocaram a luta por reajuste por uma mudança ínfima no sistema de promoções. O empobrecimento da categoria serventuária é um fato, por isso o momento é de nos associarmos em vista a uma luta pela valorização dos serviços públicos, enfrentando a sanha privatista dos governos.

Sabemos que uma categoria isolada não terá forças para enfrentar esse governo e seus porta-vozes, tanto na imprensa tradicional, quanto nas milícias digitais que atacam o serviço público e os servidores.


Temos que nos organizar desde já! Em ano eleitoral, os poderosos tentarão nos distrair com suas campanhas enganadoras. Mas a ação direta da classe trabalhadora tem mais a ganhar do que ficar acreditando num jogo de cartas marcadas. 

sexta-feira, 20 de março de 2020

Um centro cultural pertinho de nós há mais de meio século


(por: W.B.*)

Um espaço cultural com quase 60 anos de existência, bem no Centro do Rio, próximo ao Largo da Carioca. A placa ao lado de fora do prédio anuncia: “Esperanto, Língua Internacional”. Muitas pessoas passam apressadas por ali e nem se dão conta, voltadas sobre si mesmas, seus smartphones e suas ocupações rotineiras. Mas será se não valeria a pena visitar o local, nem que fosse por curiosidade, simplesmente para saber do que se trata?

Para quem ainda não apareceu por lá, vai a informação. Trata-se da sala da Cooperativa Cultural de Esperantistas, própria, adquirida em dezembro de 1956 e em plena atividade até os dias de hoje. A entidade não tem fins lucrativos. Seu objetivo é promover divulgação, ensino e manifestações culturais ligadas à língua Esperanto.
Esperanto é um idioma planejado, criado pelo médico polonês Lázaro Zamenhof (1859-1917), para criar maior entendimento entre os povos, sem imposições culturais. A idéia é que somente uma língua não pertencente a nenhum país específico poderia ser verdadeiramente uma língua internacional, sem que isso representasse alguma espécie de imperialismo ou aculturação. Pela filosofia esperantista, absolutamente todos os idiomas locais devem ser preservados, ficando o Esperanto como segunda língua de todos os povos. Na elaboração do idioma, foram utilizadas raízes comuns a diversas línguas e deixaram-se de fora as exceções gramaticais que normalmente enfernizam a vida do estudante. O resultado, garantem os esperantistas, foi um idioma que se aprende melhor e mais rápido que qualquer outro no mundo.
Antes mesmo da aquisição da sala, que é sua sede há décadas, a Cooperativa Cultural de Esperantistas (em esperanto "Kultura Kooperativo de Esperantistoj") já existia oficialmente. Sua fundação legal se deu em meados de 1951. Em 1967, além de sua sede, a C.C.E. ("K.K,E,") passou a contar também com uma colônia de férias chamada Fazenda Esperanto, localizada no bairro de Bangu (zona oeste do Rio).
A sala da cooperativa é bastante modesta, na verdade: decoração simples, algumas carteiras, quadro para aulas, pouco material audiovisual. Mas o fato é que a instituição é referência no mundo esperantista. Hoje a cooperativa se orgulha de ser, cada vez mais, um pólo difusor cultural do Esperanto, com venda de livros, CDs, DVDs e uma concorrida agenda de eventos. Além disso, o público tem a seu dispor cursos em diversos níveis – e gratuitos. O espaço é mantido por voluntários, mas, ainda assim, fica aberto ao públicao de segunda a sábado, em horário comercial, o que não deixa de ser uma proeza. Agora, não é nenhuma proeza dar uma passadinha por lá para conhecer, basta a pessoa não se fechar para as riquezas culturais que estão a nossa volta, bem pertinho.
A Cooperativa Cultural dos Esperantistas fica na Av. 13 de Maio, 47, sala 208, no Rio de Janeiro. Tel. 2220-6486.

* W.B. é técnico de atividade judiciária do TJ-RJ, membro do CESTRAJU (Centro Socialista de Trabs. do Judiciário), esperantista e associado à K.K.E. (Kultura Kooperativo de Esperantisoj).

terça-feira, 17 de março de 2020

Rejeição aos Poderes: Dilemas Individuais e Veredas Coletivas



(Por: W.B.*)



Vivemos numa sociedade autoritária. Aliás, mal se pode chamar de sociedade esse imenso campo de concentração dividido em castas sobrepostas. Afinal, qual é a “sociabilidade” que pode existir entre senhores e escravos, clérigos e fanatizados, proprietários e despossuídos, governantes e governados?

A ditadura mais explícita é aquela em que o Poder Executivo se agiganta e oprime abertamente as pessoas, mas esta está longe de ser a única forma de despotismo. Não desejemos reis de forma alguma, mas também não vamos fechar os olhos para o caráter monárquico que se esconde sob as repúblicas modernas. Todo governo, qualquer que seja sua forma (personalista, constitucional, fascista, republicano, nazi, imperial ou populista) é – por sua própria natureza – opressor. E o fato é: ele sempre busca se perpetuar, apesar das fantasias de quem acredita no caráter positivo de certas ditaduras que se proclamam como transitórias.

Sabe-se que, como contraposição às ditaduras, juristas agitam até hoje a embolorada bandeira da tripartição dos poderes, fechando olhos (e narizes) para aquilo que a macula há séculos. O pensamento desses idealistas do Direito seria que o Poder Executivo fosse controlado pelo Legislativo, enquanto o Judiciário ficaria de olho nos outros dois. Emerge a besta estatal perfeita, autorregulada, monstro de três cabeças: Poder Executivo, Legislativo e Judiciário. E o que dizer do Poder Econômico? Ele é a alma do monstro, a qual comanda suas três cabeças (mas é claro que isso não é dito na teoria jurídica). A face executiva ameaça os pobres com seus braços armados; a legislativa garante a propriedade dos ricos; a judiciária condena os desobedientes.

Essa fera de tríplice mordida vem nos devorando continuamente através dos séculos, e o pior é que muitas vezes isso se dá com a nossa concordância. Nas faculdades de Direito do Brasil, muitas das chamadas disciplinas propedêuticas pregam que o Estado nasceu da necessidade de existir um poder maior, para proteger os fracos da opressão dos fortes. Diz-se ainda que um pretenso contrato social teria instituído o Estado. Cada pessoa teria aberto mão duma parcela de sua liberdade individual em prol de segurança (esta mais diretamente garantida pela polícia). A magistratura seria o elemento neutro que mediaria os conflitos. Para afirmar tudo isso, recorre-se a Montesquieu, Rousseau, Hobbes e por aí vai. Por mais díspares que sejam as teorias, usa-se de tudo para justificar o Estado.

Por que a maioria de nós engole tudo isso como verdade? Onde está arquivado o tal “contrato social” que nossos ancestrais teriam assinado? Como algum poder pode “proteger os fracos da ação dos fortes”, se ele próprio também é um forte? Se a magistratura é composta por integrantes da sociedade de classes, como ela pode ser socialmente neutra?

Somos levados a acreditar em todas essas falácias do Direito burguês, porque não suportamos viver sem essas ilusões. Afastamos de nossa mente a angustiosa visão de que somos continuamente explorados e oprimidos por um sistema injustificável. Recalcamos o que poderia nos perturbar e assim adotamos concepções que tornam a vida “suportável”. Além disso, somos recompensados psicologicamente pelo pensamento de que estamos vivendo de acordo com nossas ideias, sem sermos pegos em contradição de comportamento.

No contexto brasileiro deste início de século 21, o serviço público ainda tem se mostrado um campo de trabalho razoavelmente seguro, por conta da estabilidade no cargo e do processo seletivo mais democrático, se comparado ao da iniciativa privada. Assim, muitas pessoas procuram vender sua força de trabalho para o Estado. E, aí, como odiar esse Estado que lhe dá o pão? Como viver sem sentir a picada angustiante duma existência hipócrita, que se sustenta do dinheiro de seu inimigo? Há quem escape dessa angústia adotando concepções de mundo justificadoras da sociedade tal qual ela é. Só que o preço a se pagar é muito alto: nunca transformar o mundo num lugar melhor.

Toda pessoa que sonha com uma realidade diferente daquela que está à sua volta vive – em maior ou menor grau – numa contradição. Quem odeia o governo, mesmo assim lhe paga impostos. Também o anarquista precisa registrar o filho. O anticapitalista muitas vezes acaba trabalhando no comércio. E os exemplos vão ao infinito…

A vida é contradição, conflito, movimento, dialética. O importante não é negarmos esse aspecto, mas vivermos o mais libertariamente possível desde já, mesmo navegando em meio a ondas autoritárias.

Lima Barreto, escritor anarquista carioca
O escritor libertário Lima Barreto (1881-1922), por exemplo, era funcionário civil do Exército, apesar de profundamente antimilitarista. Embora republicano fervoroso, o literato Euclides da Cunha (1866-1899) era militar sob um regime monárquico. Como eles viveram essas contradições? Lima criticou corajosamente o patriotismo (essa “religião do Estado”, no dizer dos anarquistas), além de sempre ridicularizar o governo e a burguesia em suas obras satíricas. Euclides da Cunha protagonizou o conhecido “episódio da baioneta”, no qual (em 1888) saiu da fila de cadetes e, após tentar quebrar sua baioneta, atirou-a aos pés do ministro da guerra do governo monárquico.
Euclides da Cunha, engenheiro e literato republicano

Como serventuário do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o que proponho à minha categoria (como à classe trabalhadora em geral) é que não se iluda acreditando nas falácias do Poder Judiciário, que podem até parecer reconfortantes num primeiro momento, mas no fundo são paralisantes e escravizadoras. Enxerguemos os problemas, lutemos contra eles, assumamos as contradições de viver num mundo que não é aquele que queríamos. Não nos fechemos para o movimento da vida.

E essa rebeldia salutar, para não ser quimérica, ou irresponsável, deve se forjar coletivamente, pela união com outras irmãs e irmãos de classe. Vivamos desde já a revolução, que é – necessariamente – viva, dialética, prática e coletiva.

* W.B. é técnico de atividade judiciária e associado do CESTRAJU.