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terça-feira, 26 de maio de 2020

Uma comparação descabida?

(Por: W. B.*)

Dia desses assisti ao filme "Vestígios do Dia" (Remains of the Day), produção EUA/Reino Unido, com 134 minutos, direção de James Ivory. A obra inteira é muito boa, com destaque para as belas interpretações de Anthony Hopkins e Emma Thompson. Mas teve um trechinho que me chamou especialmente a atenção. Ele me fez pensar um pouco no cotidiano de trabalho no Tribunal de Justiça aqui do Estado do Rio de Janeiro neste nosso século 21, apesar de o longa-metragem se ambientar na Inglaterra dos anos 1930.
Num dado momento do filme, durante uma reunião para visitantes ilustres, o mordomo chefe tem que se dividir entre as obrigações para com os patrões, e as preocupações com seu pai, também empregado, e que estava gravemente doente naquele dia.

Um convidado pede uma bacia de água morna com sal para pôr os pés, pois os seus sapatos estavam apertados. Outros fazem pedidos ainda menos importantes. Enquanto isso, o pai do mordomo está agonizando sem a presença do filho. Este é chamado depois - por seus colegas - ao leito do doente, que acabou de morrer. O mordomo fica ali bem pouco, recebe os pêsames de outros empregados e depois volta a servir no banquete dos patrões sem contar nada a eles ou a nenhum dos convidados. Ainda se lembra de pedir ao médico (o qual acabara de atestar o óbito de seu pai) que fosse urgentemente cuidar das dores nos pés do convidado que usara calçados apertados.

O que isso tem a ver com o trabalho no Tribunal de Justiça? Talvez nada, ou muito pouco. Mas o fato é que, na mesma hora, eu me lembrei dum caso que uma colega de trabalho me contou. Ela me disse que não pudera gozar da licença nojo (licença por falecimento de parente), quando sua mãe morrera. Levei um susto, pois esse tipo de licença não precisa de autorização. Perguntei por que ela não pudera usufruir desse direito. "Porque eu trabalhava em gabinete de juiz", foi a resposta. Eu argumentei que a licença é direito de todas as pessoas que trabalham no TJ, seja onde for. Então ela me respondeu que foi ameaçada de dispensa da função de secretária, caso gozasse a licença legal.

Essa colega cumpriu expediente normal naqueles tristes dias que se seguiram à morte da mãe.

Há quem possa argumentar que a comparação com o mordomo do filme é descabida. Que o trabalho no tribunal não se compara à futilidade duma festa numa mansão. Mas a cerimônia da mansão também se revestia de importância, pois nela havia pessoas influentes de países que estavam prestes a firmar acordos ou oposições em relação à Alemanha nazista. E no TJ também há, em meio à seriedade do que muitas vezes é decidido, alguns cerimoniais e ritos no mínimo desnecessários. O que são a obrigatoriedade do uso de gravatas por advogados em plena região tropical, e as togas completamente anacrônicas e os pronomes de tratamento pomposos? Será que são tão diferentes da ritualística dos talheres ou da forma de servir os convidados na Inglaterra nobre dos anos 1930, retratada no filme?
O fato é que, tanto numa quanto noutra realidade, o luto pela morte dum familiar deveria ter importância maior que a continuidade rígida da rotina laboral.  

* W.B. é associado do CESTRAJU - Centro Socialista dos Trabalhadores do Judiciário.

sábado, 2 de maio de 2020

Protestando em 1º de Maio em Brasília, enfermeiras sofrem agressão de quadrilha bolsonarista: mídia e polícia se omitem

(Por: W.B.*)
No dia 1º de Maio de 2020, Dia Internacional da Classe Trabalhadora, um grupo com cerca de 60 profissionais da saúde fez um protesto em frente à Praça dos Três Poderes (Brasília-DF). Ato público silencioso, com manifestantes usando máscaras e respeitando rigorosamente a distância entre si, e mantendo-se também afastados de transeuntes.
 
Suderlan Sabino, do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal e membro da diretoria da Associação Brasileira de Enfermagem, destacou que, na realização do protesto, os manifestantes fizeram questão de tomar várias precauções, pois há orientações das autoridades de saúde para evitar aglomerações e para não favorecer a eventual proliferação do coronavírus (covid-19). “Usamos máscaras de tecidos pra não gastar as máscaras que são usadas pelas equipes [de saúde] nos serviços, mantivemos um isolamento de 2 metros entre os colegas e ninguém se cumprimentou, a não ser a distância”, informou Sabino.
Tais profissionais, em luta por melhoria da saúde no país, foram hostilizadas por uma gangue bolsonarista que, criminosamente, conclama populares a desrespeitarem o isolamento social determinado pela Organização Mundial da Saúde e toda a comunidade científica mundial. Pensemos um pouco sobre este triste episódio.
Agressora de profissionais da saúde em 01/05/2020, Brasília
Vê-se que o Estado brasileiro é extremamente hipócrita. Pois mesmo segundo os ditames do próprio Estado democrático de direito burguês, esses apoiadores de Bolsonaro teriam que ter sido abordados pela polícia pelo simples fato de estarem transitando por ali sem máscaras e sem observar nenhum tipo de distanciamento em relação às outras pessoas. Mas isso não aconteceu. Então essa canalhada bolsonarista resolveu ousar mais: foi agredir verbalmente profissionais da saúde que estavam fazendo um protesto perfeitamente legítimo e responsável. Desta vez pelo menos, essa corja repressora teria que ter sido presa por estar desrespeitando o direito de manifestação assegurado pela própria Constituição Federal brasileira. Mas o que a polícia fez? Nada. 
Agressor cujo perfil já foi até identificado por internautas
Daí, os patri(di)otas se sentiram confiantes e chegaram ao cúmulo de cuspir nas profissionais da saúde. Essa conduta já configuraria crime em qualquer época (seria o tipo penal "injúria real", pelo menos era qualificado assim na época que estudei legislação). Mas, no presente caso (que se deu num momento de pandemia), cuspir em alguém é algo ainda mais grave: é crime contra a saúde pública, equiparável à tentativa de homicídio. A polícia, então, prendeu esses genocidas? Não.
 
Agressor em flagrante delito na Praça dos 3 Poderes em 01/05/20
É impressionante o grau de submissão dos policiais a burgueses bolsonaristas que propagam mentiras, e que até negam a existência do coronavírus (!). O número de agentes da segurança pública mortos por covid-19 também é enorme. Quando deixam de conter esses criminosos antiquarentena, PMs estão favorecendo a morte de seus próprios colegas. Vale a pena morrer, só para bajular esses riquinhos desocupados propagadores da pandemia?
 
Sem máscara, ganguista causa tumulto em plena pandemia
Os bolsonazistas só ficaram afastados do protesto depois de muita repercussão negativa das agressões que fizeram.
Logo no dia seguinte ao ocorrido, várias pessoas comuns do povo denunciaram, pela internete, nomes e perfis supostamente pertencentes aos agressores. Para processá-los, nem seria preciso alguma investigação trabalhosa: bastaria uma simples pesquisa nalgum buscador como o Google. Por que nada é feito? Será que o Ministério Público e a Polícia Civil também são lambe-botas desses burgueses bolsonaristas criminosos?
 
Agressora confiante na conivência da polícia e do MP
E a mídia global que gastou 20 minutos dando destaque a Sérgio Moro depois de sua renúncia ao cargo de ministro da justiça em abril/2020, quanto tempo usou para falar sobre esse crime dos bolsonaristas cometido diante das câmaras e bem em frente a um órgão governamental?
Brasília, 01/05/20
Por acaso a mídia foi entrevistar PMs e comandantes de batalhão para questionar sobre a omissão policial? Foi tentar identificar os agressores e questioná-los sobre o crime cometido? Foi entrevistar juristas para perguntar sobre a ilicitude da conduta de cuspir em alguém num período de pandemia? Por que não foram buscar pareceres de gente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e da AJD (Associação Juízes para a Democracia), por exemplo? A mídia não teria espaço para isso? Acham mais útil transmitir programas culinários, telenovelas fúteis e Big Brother Brasil, não é mesmo?
Brasília, 01/05/20
Leiamos a imprensa sindical, comunitária e popular, produzindo também nossas narrativas! E denunciemos sempre as contradições desse sistema hipócrita.


FONTES:

- Reportagem de Amanda Almeida em O Globo: "Em protesto em Brasília, enfermeiros são agredidos por apoiadores de Bolsonaro". No endereço seguinte:

- Matéria da jornalista Cristiane Sampaio no Jornal Brasil de Fato: "Em silêncio e segurando cruzes, enfermeiros protestam na porta do Planalto". No endereço eletrônico:
* W.B. é servidor público do poder judiciário do Estado do Rio de Janeiro e associado do Centro Socialista de Trabalhadoras/es do Judiciário (CESTRAJU).

Compartilhe, para que a gente viva

(Por: W.B.*)


Não importa em quem você votou, temos que lutar pela vida de todas as pessoas.

Em pronunciamento feito na quinta-feira 16/04/2020, o presidente Jair Messias Bolsonaro defendeu que as pessoas pobres voltem ao trabalho durante a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Para justificar isso, ele disse que o Estado não tem condições para manter essas pessoas em casa. Mas será que isso é verdade? No vídeo "Análise do Discurso do Bozo", incluído em seu canal na plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube, o Prof. Dr. Paulo Ghiraldelli afima que o Estado tem toda condição de manter as pessoas em casa, usando dinheiro de várias fontes:

1) Dinheiro de reserva cambial deixado pelo governo anterior;
2) Dinheiro do BNDES (que veio dos impostos da própria população);
3) Dinheiro que o Estado brasileiro gasta para rolar a "dívida" pública, uma "dívida" ilegítima segundo a Auditoria Popular da Dívida e a auditora fiscal Maria Lúcia Fatorelli e que é paga pra banqueiros (bilionários);
4) Impressão de dinheiro, tendo um cálculo de gasto programado, evitando a inflação (até os economistas André Lara Resende e Henrique Meirelles, que é direitista, dizem a mesma coisa).


O Prof. Paulo Ghiraldelli, que passou essas informações, é bacharel em Filosofia pela Universidade Mackenzie, tem mestrado e doutorado em Filosofia da Educação pela PUC-SP, e pós-doutorado em Medicina Social pela UERJ. Ao contrário do que é divulgado por militantes bolsonaristas desonestos e compartilhado (via WhatsApp) por pessoas ingênuas, este textinho aqui tem autoria expressa e cita a fonte.


Sair do isolamento é condenar milhares de pessoas a morrer. Está provado aqui que existe muito dinheiro para garantir a quarentena. Precisamos forçar o governo a tomar medidas em prol da vida, nem que seja preciso derrubar o presidente da república.

VAMOS REPASSAR ESSA MENSAGEM PARA TODOS OS NOSSOS CONTATOS E, ASSIM, SALVAR VIDAS.
 
* W.B. é técnico de atividade judiciária do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, sindicalizado, e associado do Centro Socialista de Trabalhadoras/es do Judiciário (CESTRAJU).